Jó era um homem justo e temente a Deus, mesmo sendo íntegro e fiel, perdeu tudo e sofreu muito. Depois de suportar suas provações, Deus lhe restaurou os bens e muito mais, derramou Suas bênçãos sobre a vida de Jó.
Mas como devemos entender Deus restaurando os filhos de Jó? Parece haver um enigma sobre o fato. O problema surge ao observarmos a narrativa final do livro, no último capítulo, quando Deus duplica tudo que Jó havia perdido, porém, não duplica o número de seus filhos, vejamos:
No inicio do livro de Jó, antes das tragédias em sua vida é dito:
Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal. E nasceram-lhe sete filhos e três filhas. E o seu gado era de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; eram também muitíssimos os servos a seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do oriente. Jó 1:1-3
Com o fim da provação de Jó e a chegada da restauração, é descrito:
E o Senhor fez voltar o cativeiro de Jó, quando ele orou pelos seus amigos; e o Senhor deu a Jó o dobro do que ele tinha antes. Assim, o Senhor abençoou o último estado de Jó mais do que o seu início, pois ele tinha quatorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. Ele também tinha sete filhos e três filhas. Jó 42:10, 12-13.
Deus duplicou literalmente tudo que Jó havia perdido, mas, em relação aos filhos, a duplicação não acontece.
Se, antes da provação ele tinha dez filhos, com a duplicação, deveria ter vinte. Somados os vinte filhos com os dez contados no início do livro de Jó, antes das perdas e provações, o número total deveria ser trinta. Contudo, o que se entende do contexto geral, da soma dos filhos é que o número se encerra em vinte ou mesmo em dez, como?
Há quem diga que Deus ressuscitou os 10 filhos de Jó, há quem diga que os filhos nunca morreram, mas os mensageiros levaram à Jó uma notícia falsa (Jó 1:19), o que explicaria Jó se lamentar no período de sua doença e pobreza "Sou repugnante para meus filhos" Jó 19:17. O hebraico traduz a expressão filhos como filhos físicos, nascidos do ventre, dos lombos de Jó.
" Jó 19:17 e refere inequivocamente aos filhos como ainda vivos... A frase פרי בטנך, o fruto do seu corpo, ocorre repetidamente em Deuteronômio, dirigida à comunidade de Israel, com a força do sentido de “útero” atenuada, pois aqui se refere simplesmente ao poder de geração, sem levar em conta o gênero, por exemplo, Dt 28:11 ”. David Wolfers, Deep Things Out of Darkness Grand Rapids: Eerdmans, 1995, Página 135."
O fato de os filhos de Jó não terem sido duplicados em número, indica que o primeiro número de dez filhos nunca deixou de existir. Ainda que alguns considerem a interpretação de que os primeiros filhos de Jó morreram, fica claro que eles não foram considerados mortos. Este, é portanto, um aspecto magnífico da graça de Deus!
Suponhamos que os dez filhos de Jó tenham realmente morrido como informaram os mensageiros à Jó (Jó 1:9), estando mortos, eles ainda são contados como vivos, indicando que apenas fizeram uma passagem do mundo terreno para o celestial e permaneceram em um plano eterno, assim como afirma Jesus em João 11: 25-26:
“Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá"
A existência dos dez filhos de Jó, encontrados no primeiro capítulo do livro, nunca foi extinta! O final do livro, é de toda forma consolador, pois, se Deus duplicou " tudo que Jó havia perdido", não tendo duplicado o número de filhos, significa que Jó nunca perdeu seus dez filhos ou eles nunca deixaram de existir, assim como os animais de Jó que foram extintos com a morte.
Os filhos de Jó podem não terem morrido; podem ser contados como vivos apenas por terem morrido espiritualmente para o pecado e revivido como novas criaturas, seguindo o testemunho de renascimento do pai; podem em última análise, terem morrido de fato, literalmente, mas não terem sido considerados extintos porquê à vida não se encerra com a morte. A morte é apenas uma passagem para outro plano.
Qualquer das interpretações fazem sentido sobre o enigma de o número de filhos de Jó não ter sido duplicado, o que amplia a visão humana sobre a bondade e fidelidade de Deus, da realização das promessas encontradas tanto no Antigo como no Novo Testamento, sobre os conflitos humanos, o destino da alma e um amor que transcende o plano visível.
A profundidade da Palavra de Deus revive em nós a mesma esperança de Jó: Os mortos não deixam de viver e os vivos que depositam sua fé em Jesus, jamais serão desamparados.
Deus o abençoe, em nome de Jesus.
* Utilizei como fonte a Bíblia de Estudo Plenitude e consulta ao site https://stephencook.com.au no artigo "O que aconteceu com os filhos de Jó?", consultado em 14/04/2025
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