A Páscoa da cruz

 


Wilma Rejane

Páscoa é Cristo ressuscitado, O Cordeiro de Deus definitivo que aboliu todos os sacrifícios humanos em direção à salvação da alma. Ninguém é capaz de salvar-se a si mesmo, a não ser indo até Cristo Jesus. Ele é o Caminho que conduz a Deus. Essa é a comemoração mais importante da humanidade por revelar um tempo em que Deus perfeito e justo, enviou Seu filho único, em semelhança de homem para declarar ao mundo Seu amor . 

Páscoa fala de passagem. De um estado de cativeiro para libertação. Da morte na cruz do calvário,  cujo sangue derramado desceu aos confins do inferno para resgatar os que estavam destinados à morte eterna.

E ao ressurgir no terceiro dia, O Cristo, Ressuscitado,  ascendeu ao céu estabelecendo um Reino de justiça. O Cristo e a Cruz são elementos determinantes da Páscoa. E por isso, através dos séculos, a cruz se transformou em símbolo da cristandade. 


Vemos cruzes em templos, cemitérios, joias, roupas, enfim, ao olharmos para uma cruz, vazia ou com imagem de Cristo, logo nossa memória é ativada para questões de fé e especialmente cristã. 

O símbolo de estacas entrelaçadas, que sustentou tanto Jesus Cristo, como uma multidão de malfeitores, punidos com a crucificação na antiguidade, foi por muitos anos, parte do mundo pagão.

Há sempre superficialidade, quando tratamos de símbolos e suas representações e ignoramos a vivência. Por isso, paro um pouco para refletir não sobre a Cruz, mas sobre o Cristo na cruz. É bem fácil falarmos em cruz, carregamos uma como adesivo em nosso carro, pingente, e outros. Os pagãos também faziam isso. Mas pegar a cruz e seguir a Cristo é o grande desafio, é viver a Páscoa.




Então Jesus disse aos seus discípulos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará. Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma? Mateus 16: 24 - 26

Não existe cristianismo sem cruz, Páscoa sem cruz. Essa mensagem de sofrimento foi vivida por Jesus. Ele que injustamente padeceu violência e morte por cada um de nós. No sacrifício de Jesus, vemos o sentido do amor. Não existe nada de mais amorosos fora da dimensão da cruz, essa que liga céu e terra e se ascende como em rosa-dos-ventos. Não existe abraço mais sincero, choro mais profundo, clamor mais poderoso do que a mensagem da cruz. Nela nos encontramos, porque nela nossa identidade foi resgatada. 

O mais perfeito e puro sendo esmagado pela fúria da vaidade, orgulho,  impiedade, religiosidade e egoísmo humano. Quem somos? O sacrifício da cruz responde: miseráveis pecadores que necessitam se entregar a Cristo. 

Não basta olharmos para cruz, é preciso encravá-la em nós, tal qual os cravos encravados em Cristo, com dores, favores do céu. É provável que na vida,  experimentemos momentos de solidão, de dúvidas, nada disso contudo, deve ser maior que a certeza de que Jesus está conosco, como os que em reconhecimento à sua pequenez, se entregaram aos pés da cruz.




Só mesmo um homem crucificado com Cristo para reconhecer o significado da cruz, que deixou de ser instrumento de maldição quando sustentou o Salvador. Ele se fez maldição por nós, quando levou sobre si os pecados da humanidade. E ai Ele se viu distante do Pai, porque a infelicidade da morte o cercou: " Pai, por que me abandonaste"? Mateus 27 : 46. O momento, tão perfeitamente profetizado no Salmo 22 retrata toda agonia que o silêncio nos causa. 

Deus se calou por algumas horas, para que Sua voz fosse ouvida pelos séculos dos séculos em todas as gerações. Jesus é o Cristo, que nos sarou: Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a justiça; por suas feridas vocês foram curados. I Pedro 1 : 24.

É isso, Jesus reinventou a cruz. Do madeiro feito para malfeitores (Dt 21:22) surge a vida, por causa do crucificado. Desde então, não existe madeiro seco, morto ou violado que não floresça ao ser regado pelo sangue do Cristo ressuscitado.

Viva a Páscoa!

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