O valor do silêncio

 

Wilma Rejane

Em releitura do Evangelho de Lucas, estive meditando sobre as atitudes de Zacarias e Maria diante do anjo Gabriel, anunciado os nascimentos de João Batista e nosso Senhor e Salvador Jesus. Zacarias e sua esposa Isabel, eram avançados em idade. Maria, era virgem. Zacarias, ao ouvir do anjo que seria pai, questionou, ficou abismado como fato de um casal de idosos gerarem uma criança. Como punição,  Zacarias ficou mudo e só pôde glorificar a Deus e festejar de modo pleno a realização do sonho de ser pai, após o nascimento do filho (Lucas 1:67 à 79)

 E agora você ficará mudo e não poderá falar até o dia em que isso acontecer, porque você não acreditou em minhas palavras, que se cumprirão no seu devido tempo” (Lucas 1:20).

Situação oposta acontece quando o mesmo anjo Gabriel vai até Maria anunciar o nascimento virginal do Salvador, ela abre a sua boca em louvor e gratidão a Deus, em total demonstração de fé. Maria ouviu o anjo em silêncio e falou em tempo oportuno. Ela não debateu a questão de ser virgem, de não ter casado, ela simplesmente ouviu e ao ouvir, sua fé foi fortalecida, ela não evidenciou as impossibilidades, mas exaltou a soberania de um Deus que realiza o que parece impossível.

Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela. (Lucas 1:38).

O barulho de Zacarias falou profundamente comigo! Quantas vezes agimos como ele, falando das impossibilidades em nossas vidas, quer seja em oração ou em conversas cotidianas. Tal qual as ondas do mar, ficamos agitados, agindo como se Deus estivesse alheio às nossas causas. E ao olharmos para a Palavra de Deus, vemos que a sabedoria consiste em agir como Maria que ficou em silêncio para ouvir Deus.

Mesmo as ondas mais poderosas que marcham pela face do oceano não podem perturbar a água a 150 pés abaixo da superfície. A paz sempre reina nas profundezas. E é para essas profundezas que Deus nos chama por meio do hábito do silêncio. Jesus sempre criava situações para ficar a sós com O Pai ( Lucas 22:39 ). Jesus se afastava do barulho das multidões e promovia um ambiente de silêncio, essencial para  comunhão diária e fortalecimento da fé. Mesmo quando as ondas do mar estavam extremamente agitadas em tempestade, Jesus conseguia dormir na parte detrás do barco (Marcos 7: 37-38) em demonstração de paz e tranquilidade, sentimentos regados no silêncio, na solitude com Deus.


Isaías 30:15 diz: “No arrependimento e no descanso está a salvação de vocês, na quietude e na confiança está o seu vigor, mas vocês não quiseram”

O mundo é barulhento e ao olharmos ao redor, percebemos, com raras exceções, o quanto as pessoas estão sempre agitadas, correndo, falando apressadamente, sem tempo, sem priorizar o silêncio parecido com o de Maria, aquele silêncio que ouve atentamente as palavras de Deus, que valoriza as promessas em detrimento das impossibilidades humanas.

Jesus em diversas ocasiões destacou: " Quem tem ouvidos para ouvir ouça." ( Mateus 13:9, Lucas 8:13, Mateus 11:15 e Apocalipse 2:17 ). Ouvir, escutar, entender, compreender, só é possível através do silêncio.

Que a mensagem do silêncio de Maria e da mudez de Zacarias, proporcione em nós uma mudança de hábitos, uma sede por quietude e silêncio para ouvir Deus, em oração, em leitura da Palavra, em pensamentos de louvor e gratidão, em rega diária sobre as possibilidades de Deus em transformar as impossibilidades humanas. Que assim seja e possamos desfrutar da paz indescritível e da fé acrescida de milagres. Aleluia!    

Deus o abençoe, em nome de Jesus!

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