As lutas da vida

 


Wallace Sousa

Sempre que penso em luta, lembro de duas situações: Golias afrontando o exército de Israel e todos, inclusive Saul, escondendo-se dele. Depois vem Davi, ainda sem fama e honra e aceita o desafio do gigante. O resto da história, as afrontas, o desprezo, a pedra, a queda, a vitória e a exaltação, você já sabe, não preciso repetir.

Mas, infelizmente, há tantas pessoas em nosso meio que, ao verem o tamanho do desafio a ser enfrentado, da luta a ser travada, correm da raia e fogem do embate. A vitória Deus dá nas mãos de quem se apresenta para a peleja, e não de quem se esconde da luta. Não desista, insista!

O exército de Alexandre, o Grande, em certa ocasião atacou o inimigo, e um de seus soldados, bem jovem, tremendo de medo, acabou fugindo. Capturado e trazido à presença de Alexandre, o desertor pensou consigo que seria o seu fim.

Ao ver os traços pueris que ainda emolduravam sua face e sabedor que o horror da guerra era devastador para qualquer um, o grande Alexandre se compadeceu do pobre rapaz. Então o general-conquistador perguntou ao jovem soldado:

- Qual o seu nome, meu jovem?
- Eu me chamo Alexandre, general — respondeu o desertor com a voz amedrontada.
A face do grande general mudou de repente, e ele vociferou ao soldado: 
-“Ou você muda de nome ou muda de atitude“! (adaptado)

Nós, que levamos o nome de Cristo, e que carregamos Sua cruz, devemos imitar Seus passos. Esses mesmos passos que, em um momento decisivo de sua breve vida, marcharam resolutamente para Jerusalém, de encontro aos fariseus, de encontro a Herodes, de encontro a Pilatos e em direção ao Gólgota. Ele foi até o fim, mesmo que isso significasse seu fim.

Se somos cristãos, nosso destino é seguir os passos do Mestre, mesmo que esses passos nos levem ao altar do sacrifício, ao cume do monte Caveira, ao encontro da morte. Cristão não deve fugir da luta, pois é na luta que ele prova o doce sabor da vitória. E você conhece outra forma de vencer, senão em meio à luta?

Infelizmente, vejo muitos querendo combater por Cristo, mas de uma forma errada, equivocada. Esses acabam por não combater o bom, mas sim o mau combate. Não é só por levar o nome de Cristo ou falar em Seu nome que isso nos dá o direito ou a chancela de fazermos o que bem entendermos, ou de fazermos as coisas da maneira que acharmos por bem. Existem parâmetros a serem seguidos e regras a serem observadas e, quando desprezadas, o efeito é justamente o contrário.



Quem milita na causa do Mestre, suando a camisa em Seu labor, deve estar atento para agir de modo que o Nome do Rei seja exaltado, e não desprezado ou ridicularizado. Todavia, noto, com tristeza, que isso passa muitas vezes despercebido por pessoas que, de maduras no evangelho, já deveriam ter consolidado e entranhado esse entendimento. Às vezes, me pergunto se essas pessoas amadureceram ou apodreceram…Fato.

Combata, meu irmão, minha irmã, mas combata apenas o bom combate. O mau já tem gente suficiente para fazê-lo, não ajude a engrossar essa fila desprezível. A Fé é a chave que abre as portas do Céu para nós. 

Em minhas idas e vindas pelo mundo dos concursos, onde colecionei não só vitórias mas também derrotas, deparei-me com uma situação que veio me provar de forma profunda: a questão da perseverança. Eu, desde muito novinho, sempre fui alvo da tentação de parar no meio do caminho, de desistir no meio da jornada e abandonar projetos.

Mas, descobri, horrorizado, que para ser bem-sucedido no mundo dos concursos eu deveria semear e cultivar uma qualidade que eu não possuía: a perseverança. Juntamente com ela, vi-me obrigado a crescer em minhas fraquezas e superar minhas dificuldades, tais como a falta de planejamento e motivação. Se eu consegui? Bem, acho que sim.

No órgão no qual trabalho,  faço parte de uma carreira, e essa carreira tem início, meio e fim. Para se crescer no cargo, existem os instrumentos da progressão (subir um degrau) e promoção (subir um andar), que reconhecem o mérito e recompensam o funcionário, visto que a medida em que se sobe na carreira, há ganhos para o servidor.

Na carreira cristã, a coisa acontece de modo semelhante: nós vamos progredindo aos poucos e, ao chegar em determinado ponto da subida, somos promovidos a um outro nível espiritual. Isso demanda nosso esforço e dedicação para conseguirmos galgar esses degraus na vida cristã. Também leva tempo, não é de uma hora para outra ou do dia para a noite, é preciso exercitar a paciência e investir nessa caminhada.

Quando Paulo escreveu sobre a carreira, ele deveria estar com o pensamento voltado para os estádios romanos, em que os atletas corriam para conquistar a coroa de louros, que era concedida aos vencedores. Assim também é na vida cristã: nossa carreira, isto é nossa corrida tem um ponto de partida e a linha de chegada, mas há obstáculos entre eles, e ainda mais coisas.

Também temos concorrentes, muitas vezes querendo tomar a nossa bênção, o prêmio de nossa soberana vocação em Cristo. E há expectadores, alguns torcendo por nossa vitória, mas outros por nossa derrocada. Mas, e quanto a nós? A nós cabe a árdua tarefa de darmos o melhor de si e chegarmos até o final, de irmos até o fim. O que importa, no fim das contas, é terminar a carreira, é completar a corrida, é concluir a obra.

Você já parou para avaliar sua vida e fazer uma faxina na alma, tirando do coração as coisas ruins? Comece agora mesmo, vai te fazer um bem que você não faz ideia. Você, caro leitor, deve decidir o que quer de sua vida espiritual: se vai guardar a fé ou conservar a incredulidade, se vai depositar sua fé em Deus ou se vai zerar seu saldo com Ele. O que você pretende fazer? Eu prefiro depositar, e deixar minha fé rendendo no Banco do Céu, para sacar o lucro na vida eterna.

Wallace Sousa edita o Blog Desafiando Limites e colabora com o Tenda na Rocha

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