João Cruzué
Um dos mais lindos trechos da Bíblia é o da cura dos dez leprosos, em Lucas 17:11-18. Dez pessoas que viviam excluídas da sociedade, vivendo longe da família por causa da praga da lepra. E naquele tempo, se uma pessoa contraísse lepra, tinha de morar fora dos muros ou na entrada da cidade. Naquele lugar não ia ninguém. Imagino que cada leproso arranjasse novos vínculos sociais entre outros mal-afortunados com a mesma lepra. E se não tivesse ninguém além dos muros, ficaria ali isolado, talvez conversasse sozinho. E viajando para Jerusalém, Jesus Cristo entrou em uma aldeia, creio, na divisa entre Samaria e a Galileia. O que aconteceu na entrada daquela aldeia nos mostra três coisas que Deus se agrada quando estão presentes na vida de um cristão.
E na ida até os sacerdotes, cada um dos dez leprosos foi curado. E apenas um parou, pensou e voltou para agradecer, antes de ir aos sacerdotes. Os outros nove seguiram diretamente à casa dos religiosos, pois não viam a hora de abraçar os familiares, os amigos, beijar os filhos e entrar na própria casa.
A gratidão é uma atitude rara.
E como é difícil ser grato, fazer a vontade do Senhor. Difícil, porque nossa natureza humana não combina com as atitudes esperadas por Deus. Separados das famílias há tanto tempo, quem daqueles dez leprosos, ao ser curado, pensou que deveria voltar para agradecer pela bênção? Só um! Mas, tinha que voltar para agradecer? Não, isso não era obrigatório, a não ser se a pessoa tivesse uma consciência de senhorio de Jesus. O leproso agradecido não apenas voltou para dizer obrigado, mas por reconhecer que Jesus era maior que ele, maior que o sacerdote, e maior que os entes familiares. Se ele sabia ou não o que era a vontade de Deus para sua vida depois da cura, eu não sei, mas que ele fez a coisa certa, perante Deus, isto ele fez.
E Jesus se alegrou com aquela atitude; como também questionou o paradeiro dos noves recém-abençoados. "Onde estão os outros nove?" ou em nosso linguajar pouco sutil - Onde está o resto?
Pode um cristão ser agradecido, sem ser submisso? Pode! Você agradece uma coisa, mas faz outra, totalmente divergente do que o Senhor quer. Pode ser submisso sem ser dependente? Aqui, eu creio que não. Quem sempre coloca suas causas e suas dificuldades diante de Deus, e espera até sentir uma paz no coração para decidir, é dependente.
Mas como é difícil ser dependente de Deus. Você ora, jejua, espera por uma resposta, e ela não vem.
Vale a pena tomar a frente de Deus para resolver problemas, principalmente, grandes problemas?
À primeira vista, pode parecer que sim. Transformar a pedra em pão. Vender a primogenitura por um prato de lentilhas por causa da fome. Aceitar a candidatura a um cargo político, porque a Igreja quer... abandonar a esposa, porque ele ficou feia e rabugenta... Mas e o tamanho do prejuízo não esperado, nem calculado, depois? E qual é a extensão do tempo que devemos esperar para tomar uma posição, agir ou deixar de agir, sobre o curso do problema?
É por isto que ser um cristão submisso e dependente de Deus nem sempre significa viver de vitória em vitória. De atravessar montanhas e passar pelo mar seco. Porque nem sempre as vitórias que estamos vendo, também são vitórias aos olhos do Senhor, por exemplo, Paulo morreu sozinho e praticamente abandonado.
Mas ao longo dos 2.000 mil anos que se seguiram, ficou bem claro que suas derrotas não tiveram nem um bilionésimo porcentual do tamanho do alcance do seu trabalho. Ele andava na vontade de Deus. Deus transformou suas derrotas em vitórias. Na extrema dificuldade, debaixo de açoites e pedras, ele não murmurava de Deus. Por ocasião da II Carta a Timóteo, Paulo já sabia que seus dias estavam no fim, e que já estava plenamente quitado diante de Deus. Isto sim, é o que Deus chama de prosperidade, não houve enriquecimento próprio, mas bilhões ficaram enriquecidos por causa de Paulo, o submisso, o dependente do Senhor Jesus Cristo. E Paulo morreu pobre. Depois de 30 anos de fé, suas posses se resumiam a uma capa e poucos pergaminhos.
É muito bom alcançar uma graça, receber uma bênção... Mas as atitudes a serem tomadas a partir deste ponto é que são o "x" da questão. E este "xis" passa por: Colocar primeiro o Senhor Jesus na frente de todas as outras coisas e pessoas. Renunciar à pressa e à própria vontade. para fazer a vontade Dele... E não mover o dedo diante de problemas que ainda mantêm nosso coração em estado de ansiedade ou se nossa consciência estiver com dúvida.
Isto é fácil de fazer? Não!
Isto é desejável? Não!
Isto é bíblico? É!
Isto é bíblico? É!
Deus o abençoe, em nome de Jesus!
João Cruzué edita o blog Olhar Cristão e é colaborador do Tenda na Rocha/ Imagem cortesia Pixabay.
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