O Purim de cada dia

 


Wilma Rejane

Quem sabe se não foi para um momento como este que você chegou à posição de rainha? Ester 4:14

O livro de Ester é um bálsamo para alma, contemplar a inevitável presença de Deus e Seu agir através de situações aparentemente simples é intensificar a fé, Amá-Lo por todo o invisível mundo que nos cerca. O nome de Deus não é citado em Ester, mas costumo dizer que é na ausência que certas presenças se tornam mais percebíveis, eis um caso. Toda a história é marcada pela providência Divina que faz com que uma linda orfã chegue ao palácio real e ascenda ao cargo de rainha, salvando os judeus da morte e ainda proporcionando ao primo Mardoqueu um cargo de elevada confiança na corte de Assuero.

Assuero foi um rei persa, durante 20 anos governou 127 províncias desde a Índia até a Etiópia, sucedendo Dario I em 485 a.C. Seu nome verdadeiro era Xerxes ou Artaxexes, “Assuero” era um título que significava “Rei  venerável”. Logo no primeiro capitulo de Ester, Assuero é citado em uma grande festa de cento e oitenta dias  ofertada aos governadores das províncias. Após esses dias, viriam mais sete dias de festa com a participação popular dos moradores de Susã. Um acontecimento importante e de grande repercussão. Porém, a rainha Vasti, constrange o rei e dá um remate trágico ao evento, quando se recusa a atender o chamado para fazer corte aos convidados.

Assim, temos no livro de Ester um paradoxo: O desprezo e punição dados a uma rainha (Vasti) que recusa se apresentar perante o rei e a exaltação de uma jovem órfã (Ester) que devota sua vida a presença do rei. Magnífico em todo o contexto é a presença de Mardoqueu, primo de Ester. Ele a inscreve em um concurso de beleza para escolher a rainha substituta de Vasti e com plena certeza da vitória da prima, ele frequenta dia e noite às portas do palácio em vigilância e constante oração . Mardoqueu era convicto da providência Divina trabalhando em favor de seu povo e de toda nação, através do acesso de Ester ao palácio.

Ester foi um nome colocado por Mardoqueu, significando ”estrela”, ele sabia que ela tinha brilho e havia nascido para iluminar, era bela de presença e de coração. O nome verdadeiro de Ester, era “Hadassa” ou murta, uma planta vistosa, mas com espinhos. Não era assim que Mardoqueu a via. Aqui temos uma linda lição de amor revelada na educação familiar, Mardoqueu investiu em Ester acreditando em sua capacidade e sabedoria, acreditando que a vida de Ester poderia ser transformada pelo cumprir da missão que Deus reservara para ela. Sem pai, sem mãe, contudo acolhida por um primo que temia a Deus e tinha uma vida de obediência e oração.


Escolhida entre mais de 400 candidatas ao reino, Ester havia ganho a confiança e o carinho dos serviçais do palácio. Ela ouvia atentamente os conselheiros a fim de aprender e crescer como ajudadora do rei. As virtudes de Ester iam além da beleza física, ela era sábia e humilde. Alguém que adentra em um ambiente de extrema competição e luxo, mas não se ensoberbece, continua sendo fiel ao primo Mardoqueu e a sua consciência de serva de Deus.:” Quando chegou a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu, que a tinha adotado como filha, ela não pediu nada além daquilo que Hegai, oficial responsável pelo harém, sugeriu. Ester causava boa impressão a todos os que a viam.” Ester 2:15.

Ester se tornou rainha e Mardoqueu um influente governante, mas não sem antes enfrentarem lutas e adversidades. Hamã foi um homem mau e muito cruel que tentou tirar a vida de Mardoqueu e como se não bastasse, intentou oficializar um decreto de morte para todos os judeus amparados pelo reinado de Assuero. Hamã é a imagem do diabo tentando impedir os filhos de Deus de alcançarem aquilo que Deus reservou para eles. Mas a Palavra diz: “ Agindo Deus, quem impedirá”? Isaías 43:13. Ester decreta um jejum de três dias e convoca oração para que Deus mude as circunstâncias. 


Ester precisava falar com o Rei sobre a sentença de morte de Hamã, precisava solicitar seu favor para revoga-lá,  isso não poderia ser feito de forma aleatória, ninguém poderia falar com o rei sem sua autorização, caso contrário, morreria. Após o jejum e as orações convocadas com o propósito de colocar Ester diante do Rei, em graça e aprovação, ela se veste especialmente para a ocasião e o Rei a aceita, estende o cetro em sua direção. Há relatos apócrifos que narram a intensidade desse momento, Ester teria desmaiado diante de Assuero, contudo, se restabelece,  fala e é e prontamente atendida. Hamã é morto na própria forca que fizera para matar Mardoqueu e os judeus são livres do decreto.

A história da ascensão de Ester e Mardoqueu é rica e animadora ao revelar a ação e providência de Deus no cotidiano, em fatos aparentemente sem importância, de pequenas coisas Deus suscita grandes feitos, quando homens se submetem à Sua vontade. Não há vitória sem luta, nem fé vã. Quando Mardoqueu diz para Ester: “Quem sabe se não foi para um momento como este que você chegou à posição de rainha?” Ester 4:14. Ele reconhece a Soberania e propósitos de Deus direcionando a história.

Vale lembrar ainda que a Festa de Purim é uma realidade em Israel, comemorando o livramento de morte em massa,  através das vidas de Ester e Mardoqueu. Esse “Purim” que significa sorte,  o que se chama “sorte', nada mais é do que providência Divina.  Deus é Real e está presente nas coisas visíveis e invisíveis:

"Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis." Romanos 1:20.

E o que teria acontecido se Mardoqueu e Ester não tivessem buscado a Deus para mudar o cenário totalmente desfavorável aos judeus? Aqui fica a exortação para que não desistamos diante das piores circunstâncias. Deus pode mudar o rumo da história.  A oração e o jejum são meios eficazes de combater as hostes do mal.

Quais eram as expectativas de vida para alguém como Esther? Que promessas haviam para ela? Poderia ter levado uma vida triste e de lamentos, mas Mardoqueu acreditava em Deus, orava por Esther e agia conforme sua fé. Introduziu a moça no palácio do Rei Assuero e aconselhou-a a ser humilde e solidária ao sofrimento dos perseguidos.  Foi eleita Rainha porque agradou o coração do rei.

Cristo é o que nos conduz aos palácios eternos e seja qual for a nossa história passada, Ele tem alegria em transformar e restituir de modo a nos fazer plenos. 

O paradoxo da rainha que recusa a presença do Rei (Vasti) e da que dedica a vida (Ester) ao reino é semelhante ao paradoxo humano: há homens que rejeitam o Reino de Deus e recusam viver na presença de Cristo e há os que são libertos da morte e das sentenças condenatórias por viverem na presença de Cristo.

Você tem buscado a Deus, apesar disso vive um momento em que não escuta ou não percebe o Seu agir? Não se desanime, lembre-se que apesar de Deus não ser citado na história de Esther Ele esteve presente de modo incontestável. Ele está presente hoje em nossas vidas, cuidando de nós de um modo único e sem esquecer qualquer detalhe. 


Que Deus nos guarde em Sua benção.

Baseado no livro de Ester e Bíblia de Estudo Plenitude da SBB, edição 1995.

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