Wilma Rejane
Alguma vez ao ler o milagre da multiplicação dos pães e peixes você relacionou-o com a entrada dos israelitas na terra prometida? Se ainda não fez essa conexão entre Antigo e Novo Testamento convido-o a ler o artigo e se aprofundar um pouco mais no estudo da Palavra. É simplesmente maravilhoso constatar a perfeição das Escrituras e a grandeza escondida nos detalhes.
No livro de Josué, capitulo 5, encontraremos subsídios para compreendermos melhor o que foi descrito pelos evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João sobre a multiplicação. Façamos, portanto, um paralelo entre Josué e João ( antigo testamento e novo testamento).
João 6: 1 a 14:
“Depois disto partiu Jesus para o outro lado do mar da Galileia, que é o de Tiberíades. E grande multidão o seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos. E Jesus subiu ao monte, e assentou-se ali com os seus discípulos. E a páscoa, a festa dos judeus, estava próxima. Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pão, para estes comerem? Mas dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que havia de fazer. Filipe respondeu-lhe: Duzentos dinheiros de pão não lhes bastarão, para que cada um deles tome um pouco. E um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe: Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isto para tantos? E disse Jesus: Mandai assentar os homens. E havia muita relva naquele lugar. Assentaram-se, pois, os homens em número de quase cinco mil.
E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, e os discípulos pelos que estavam assentados; e igualmente também dos peixes, quanto eles queriam. E, quando estavam saciados, disse aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca. Recolheram-nos, pois, e encheram doze alcofas de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido. Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo. ”
Josué capitulo 5: 10 a 12:
"Na tarde do décimo quarto dia do mês, enquanto estavam acampados em Gilgal, na planície de Jericó, os israelitas celebraram a Páscoa. No dia seguinte ao da Páscoa, nesse mesmo dia, eles comeram pães sem fermento e grãos de trigo tostados, produtos daquela terra. Um dia depois de comerem do produto da terra, o maná cessou. Já não havia maná para os israelitas, e naquele mesmo ano eles comeram do fruto da terra de Canaã."
Compreendendo Josué
O maná que descia do céu a cada manhã foi cessado tão logo Josué e os Israelitas alcançaram os limites da terra prometida. O que era o maná? O nome maná foi dado pelos israelitas quando da peregrinação no deserto, significa: " que é isto?”( Bíblia de Estudo Plenitude, nota de rodapé na página 82). Deus, ao instruir Moisés sobre o alimento que viria a cada manhã descendo do céu para as campinas, para ser colhido, chama o alimento de pão:
Êxodo 16: 4“Eis que vos farei chover pão dos céus e o povo colherá a porção para cada dia, para que eu veja se anda na minha lei ou não” .
Portanto, o maná foi um nome dado pelos homens ao pão que descia do céu.
Em Josué está o exato momento em que o maná desaparece da comunidade de Israel . A partir dali, todos teriam que trabalhar e do suor do rosto conquistar o alimento, o pão. Este pão não significava apenas comida física, mas e principalmente, espiritual: Israel teria que permanecer confiando em Deus como provedor diário, mesmo sem colher os pães nas campinas pela manhã.
O maná que desceu do céu gratuitamente, provocando espanto e mistério, não mais seria encontrado facilmente. A indagação "que é isto"?, necessitava de resposta a ser buscada, e não de modo terreno e raso, mas de modo profundo e espiritual. Seria preciso almejar o céu, o Deus do pão que desceu do céu, pois, Ele se colocava como provedor da vida, do sustento, do alimento físico e espiritual.
Romanos 1:17: O justo viverá da fé.
Deuteronômio 8:3 “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda Palavra que sai da boca de Deus”
O maná, no livro de Josué, desaparece no dia subsequente a Páscoa.
Compreendendo João
Apenas João cita que era véspera da Páscoa quando milhares de pessoas subiram a um monte próximo ao mar da Galileia para ouvir Jesus e receber milagres. Todos permaneceram no lugar até a chegada da Páscoa, até o amanhecer. Por este motivo Jesus interroga seus discípulos sobre o que haveriam de comer porque a noite se aproximava e não havia indícios de que pudessem conseguir pão nas proximidades.
É interessante porque na indagação de Jesus, feita de forma proposital para experimentar a reação dos discípulos, está o reflexo da ansiedade humana por provisão. Claro que Jesus não tinha essa ansiedade, é por isso que os Evangelhos enfatizam o fato de a pergunta surgir como um teste aos discípulos: “ Onde conseguiremos pão, haveremos de comprar”? ( João 6:5).
Quem ali tinha fé o suficiente para acreditar na provisão de Deus? Quem seria capaz de afirmar que o alimento físico não era o mais importante, mas o espiritual e este estava absolutamente suprido pela presença de Jesus com eles?
A reação dos discípulos diante da interrogação de Jesus é semelhante a reação de qualquer um de nós diante das incertezas. A interrogação de Jesus é sobre “o desaparecimento do maná”: “E agora, o que fazer para conseguir pão?”
É André que de forma despretensiosa, depois de inspecionar a multidão, relata para Jesus a existência de cinco pães e dois peixes. Não há fé nessa descrição de André, pelo contrário, ele até ironiza: o que é isto para tanta gente? (João 6:9).
André somos nós com nossas soluções. Somos nós quando ignoramos a presença e providência Divina. Somos nós murmurando, considerando as dificuldades, as impossibilidades.
Dai-lhes vós de comer
Jesus pede aos discípulos que organizem a multidão em grupos de cem e de cinquenta e então eleva os cinco pães e peixes ao céu e ora a Deus realizando assim o milagre da multiplicação.
O Pão do céu, o maná, estava anunciando um novo tempo em que o Reino de Deus era chegado aos homens. Um novo tempo em que o maná, O Pão estaria sempre e por todos os dias entre os homens.
Deus não havia abandonado Israel e o maná também não havia sumido. Jesus estava anunciando que Ele era o verdadeiro Pão que alimentava a vida, os homens.
Os grupos de cem e cinquenta organizados, sob a orientação dos doze discípulos é um retrato da Igreja, da nova organização que haveria de surgir.
Em Mateus 14:16, está escrito que Jesus dá a responsabilidade de alimentar aos discípulos: “Dai-lhes vós de comer”. A Igreja como representante de Jesus tem a missão de alimentar, orientar, cuidar, apascentar com a Palavra de Deus a fim de que a “multidão não se disperse, não se perca”. Ela deve fazer estas coisas, se não faz está sendo negligente, inoperante por ter pão e não alimentar a multidão. A igreja está para servir, mas quem salva, quem transforma é Jesus.
O que é isto?
Imediatamente após o milagre da multiplicação dos pães e peixes Jesus iniciou seus sermões sobre o Pão da vida. Ele se apresentou como o verdadeiro Maná que descia do céu em uma clara referência ao Manã, o Pão, no Antigo Testamento:
João 6:48-51 "Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.”
Ele é o Pão e a Páscoa (a carne que deu a vida pelo mundo). É a Páscoa em Josué, é a Páscoa em João. Ele é o que dá acesso a terra prometida, Ele é o Caminho das promessas, É a eternidade com Deus! Aqui está o motivo pelo qual o maná cessou ao entrarem na terra prometida. Aqui está o motivo pelo qual João enfatiza ser Páscoa o dia do milagre da multiplicação dos pães e peixes.
É interessante que ao verem pão caindo do céu os israelitas foram tomados de espanto e todos se perguntavam: “O que é isto? Como é possível cair pão do céu?”. E quando Jesus disse ser o pão da vida, o Pão que desceu do céu, os discípulos, fariseus, a multidão espantada falou: “Mas o que é isto? O que ele está dizendo? Este não é o filho do carpinteiro José?” (João 6:40,41,42).
A murmuração limita os campos de visão física e espiritual. Tanto os israelitas quanto os fariseus estiveram impossibilitados de discernir sobre o agir de Deus por causa da murmuração. João 6:61-62:"Sabendo, pois, Jesus em si mesmo que os seus discípulos murmuravam disto, disse-lhes: Isto escandaliza-vos? Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava? Ora, se descer o Pão do céu era espantoso, quanto mais vê-lo subir?".
Maná na arca
O Maná que desaparece em Josué é citado em Hebreus , ele faz parte dos elementos interiores da Arca da Aliança: Hebreus 9: 4: “A arca do concerto, coberta de ouro, continha o maná, a vara de Arão que tinha florescido e as tábuas do concerto”.
O mesmo capitulo de Hebreus diz que a Arca e tudo quanto nela há são símbolos da Antiga Aliança e Cristo é o portador da Nova Aliança, o Tabernáculo Eterno, o Próprio Maná, A Páscoa que aboliu os sacrifícios de sangue com bodes e bezerros, sendo Ele o perfeito e definitivo sacrífico. (Hebreus 9: 11-12)
Em Apocalipse 2:17:"Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor darei do maná escondido.”
Vimos em Hebreus que Jesus é portador da Nova Aliança que aboliu toda a lei de sacrifícios pelo sacrifício da cruz. A Arca da Aliança já não é o tabernáculo da presença de Deus entre os homens, mas Jesus é o Tabernáculo, o Templo na Nova Aliança. E esta aliança também nos torna templos, morada do Espírito Santo de Deus.
O Maná escondido, dado aos vencedores, portanto, é o acesso direto a Jesus Cristo, é viver em Sua presença eterna e através Dele conhecer os mistérios que estiveram ocultos sobre vida e morte.
Concluindo...
Aquilo que está escondido precisa ser revelado. O maná que se esconde na antiga aliança, se revela no Cristo da eterna aliança em quem se esconde os mistérios da vida e morte:
Colossenses 2:2-3:“Esforço-me para que eles sejam fortalecidos em seus corações, estejam unidos em amor e alcancem toda a riqueza do pleno entendimento, a fim de conhecerem plenamente o mistério de Deus, a saber, Cristo. Nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. ”
Escondido, porém, não quer dizer ausente. Jesus nunca esteve ausente da história da humanidade, Ele É: sem principio, nem fim, mas eterno. É antes do principio (Gênesis) e não se encerra no Apocalipse.
Da mesma forma que o Maná foi provisão para os dias de deserto, também foi para a Terra Prometida. Deus cuidou de Israel mesmo quando eles não tinham consciência disso, mesmo quando eles murmuravam e não conseguiam enxergar os milagres diários.
O menino entregou seus pães e peixes para Jesus e viu tudo ser multiplicado. O gesto do garoto lembra o gesto da viúva de Sarepta que entregou todo o azeite para profeta Eliseu e recebeu em troca a multiplicação. O Pão da vida que é Jesus abastece os celeiros de nossa alma, multiplica nossas forças. Sua graça é a expressão máxima de alegria, bondade e misericórdia e todos os dias Ele abre seus potes de amor e misericórdia para nos alimentar e esses potes não têm fim (Lamentação de Jeremias 3:22)
Deus o abençoe, em nome de Jesus.
Um comentário:
Paz odo Senhor pessoal, Excelente trabalho.
Tenho tbm um trabalho no youtube que é uma benção, trata-se da bíblia em áudio com ilustrações visitem: https://www.youtube.com/channel/UCRblpdW4OSZcAkJ8lc0RoDQ
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