Wilma Rejane
A fé tem uma inimiga declarada: a dúvida que em grego se traduz como “diakrino” (strong 1252) indicando "separar dois elementos, componentes ou valores", também sugere "hesitação entre esperança e medo". Apostolo Tiago compara um coração duvidoso às ondas do mar, levadas de uma direção a outra pela força do vento Tiago 1:6.
Na filosofia, dúvida é principio de sabedoria porque através dela são estabelecidos métodos de introdução às respostas concretas. Descartes é o criador da “duvida metódica” que sugere duvidarmos de tudo para enfim chegarmos a certeza das coisas: “penso, logo existo” é a máxima do pensamento cartesiano que coloca a razão no centro do viver. "Eu duvido, logo penso, logo existo".
O pensar em Descartes é concreto, pois remete à existência física. Em Descartes temos, assim, um vislumbre do conflito que perdura por séculos por selecionar binariamente fatores sobre "pensar a existência a partir da própria existência, concreta, visível, palpável", mas o fundamento da fé é invisível, por isso deixará de ser concreto, pensado, racionalizado? Fé se fundamenta no invisível: “ora a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” Hebreus 11:1.
Enquanto a ciência necessita da dúvida para chegar ao concreto, a fé tem como principio a certeza em coisas não concretas, invisíveis, ainda não realizadas no plano físico. Ninguém precisa de fé para acreditar que os sinais de trânsito existem, eles são visíveis, estão dispostos nos cruzamentos e diariamente olhamos para eles. Entretanto, necessitamos de fé para confiarmos que Deus está nos ouvindo hoje, no sussurro de nossas palavras, pensamentos e que está cuidando de nós mesmo quando nos sentimos sozinhos.
Deus invisível é tão verdadeiro para os que têm fé que passa a ser concreto e se Ele é concreto é existência real, necessária. “De fé em fé se descobre a justiça de Deus, porque está escrito: o justo viverá pela fé” Rm 1:17. A fé se firma no túmulo vazio de Jesus, na cruz que outrora O sustentou, mas que agora se ergue sem Ele, que ressuscitou! Na fé, é Ele quem nos sustenta. A fé se fundamenta em promessas que parecem distantes, tão antigas que estavam presentes na fundação do mundo, tão modernas que estarão presentes também no final apocalíptico com a ciência multiplicada. É do túmulo vazio que ecoa a promessa eterna: " Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Derradeiro, o Princípio e o Fim" Apocalipse 22:13.
Tenhamos fé e não duvidemos em nosso coração, pois, onde houver dúvida, é impossível que haja Não posso deixar de reconhecer a importância da ciência, se ela é razão, devemos utilizá-la para compreender a vida. Deus fez o mundo com uma ordem tal que tudo funciona perfeitamente, Ele criou a ciência como lógica sustentável. O cientista Albert Einstein, fascinado com as descobertas sobre o Universo falou: “Deus não joga dados com o mundo”, ou seja: a criação não é aleatória. A ciência nos orienta na compreensão das coisas. Nós também somos ciência, seres assombrosamente bem planejados! E temos um espírito, somos fé. Somos fé e razão funcionando, não necessariamente pela via da oposição, mas da harmonização.
Eis um trecho das Escrituras que define perfeitamente a importância da fé e da razão : “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. Romanos 12:1-2 “. Nosso culto deve ser racional, pensado, lógico, equilibrado. Cabe dúvida para examinarmos, confrontarmos as ações humanas com as Escrituras. Cabe dúvida para atuarmos com discernimento sobre certo e errado, o que vem de Deus ou não. Nisso cabe a dúvida, para que possamos ponderar a maneira certa e errada de cultuarmos.
Ter fé é continuar crendo diante do sim, não e do silêncio de Deus, é amá- Lo quando Ele tudo nos dá ou quando nos falta. Abraão precisou se manter animado por um filho diante de uma esposa aparentemente incapaz de gerar. José, poderia ter desistido de sonhar enquanto estava na prisão sendo ajudante de carcereiro, estes são exemplos de fé, de quem acreditou na existência do que não via como se já existisse.
O Reino é assim como um grão de mostarda (Mateus 13:31,32)
Pensar que a realização do milagre depende de nossa fé pode ser desanimador: "quer dizer que tenho que ter grande fé, sou o culpado por não receber, o que há de errado comigo?". Jesus disse que a nossa fé pode ser do tamanho de um grão de mostarda e ainda assim funcionará. Analisando este ensinamento de Jesus sobre fé perceberemos que a fé pequena move o céu, pois quem realiza o milagre não é o homem, mas Deus. A fé pode crescer e se expandir abençoando a vida de muitas outras pessoas, além da vida de quem tem fé. É dessa forma que frutificamos em obras, em espírito, colocando a fé em Cristo como fundamento do viver.
É que fé não existe apenas para recebermos o que pedimos, mas para crescermos no relacionamento com Deus e com o próximo. Que lindo mistério, não?
E diante do sim, do não e do silêncio, o que vive pela fé compreende que o essencial é fazer parte do Reino de Deus, sabendo que nada poderá separá-lo do amor de Deus (Romanos 8:35). Dúvida, de fato, não opera esse milagre revelado em Cristo. É por isso que sempre valerá a pena não duvidar de que Deus está no controle da vida dos que por Ele buscam e esperam. Nada perdemos por pedir e acreditar, mas o conceder, somente Deus poderá fazer e independente do que Ele nos responda, prossigamos servindo-o e semeando mesmo que pequeninas sementes, pois, para Deus nada é vão..
Deus o abençoe
3 comentários:
Eu amei escrever o artigo, fortaleceu minha fé.
Deus os abençoe.
Que alegria!! pão quentinho do céu!
Obrigada, te desejo alegria e proteção da parte do Eterno Amado de nossas almas💖. amém
Muito obrigada, Imara! Amém e amém!
Deus a abençoe, em nome de Jesus.
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