Wilma Rejane
Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei?
Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade?
E, dizendo isto, tornou a ir ter com os judeus, e disse-lhes: Não acho nele crime algum.Mas vós tendes por costume que eu vos solte alguém pela páscoa. Quereis, pois, que vos solte o Rei dos Judeus?Então todos tornaram a clamar, dizendo: Este não, mas Barrabás. E Barrabás era um salteador.
João 18:37-40
O que é a Verdade? A pergunta de Pôncio Pilatos dirigida a Jesus é a representação literal da busca pela essência de algo ou alguma coisa que está oculta e necessita ser desvelada. Jesus se refere à Verdade como algo único e universal, um valor intrínseco, próprio dos que lhe seguem. A verdade, assim, seria responsável por motivar um tipo de comportamento específico; o comportamento dos que ouvem a voz de Jesus.
Pilatos parece não compreender e replica: " O que é a verdade?". Ora, há no diálogo, um desentendimento entre a Verdade apresentada por Jesus e a verdade buscada por Pilatos. Pilatos não entende a Verdade como uma Pessoa, no caso, a Pessoa de Jesus. Pilatos estava diante da Verdade, porém, persistia na busca como se estivesse alheio ao significado das palavras de Jesus. Notadamente, Pilatos não estava entre os que se mostravam sensíveis à voz de Jesus, pois, "ouvir" Jesus não é o mesmo que O escutar; é compreender, reconhecer, seguir, obedecer, enfim, amá-Lo.
Outro aspecto que me chama à atenção no diálogo entre Jesus e Pilatos é que ao perguntar sobre o que é a verdade, Pilatos, não mais permanece atento à voz de Jesus. Ele se volta para a multidão para interrogar quem seria o escolhido para a crucificação: Jesus ou Barrabás? Não sei se alguma vez você enxergou nessa passagem algo que pela primeira vez chega ao meu coração: Pilatos buscando a verdade na multidão. E aproveito este fato para destacar o paradoxo da busca pela verdade.
A Verdade não é um paradoxo, contudo, a busca pela verdade pode comportar incontáveis paradoxos. Vejamos: aquela multidão diante de Pilatos representava a cultura local, da época, uma tradição, um sentimento. Era um sentimento de erro e pecado, de desconhecimento do real sentido da Verdade que era Jesus. E Jesus estava ali, presente, se apresentando como a Verdade. Foi ignorado, rechaçado e crucificado como um malfeitor.
Na busca pela Verdade, entendendo-se aqui por Verdade a Pessoa de Cristo, o homem vai esbarrar em multidões que poderão afastá-lo do alvo. As verdades estarão por toda parte, especialmente nas culturas que relativizam o real sentido da Salvação. Culturas que não fazem distinção entre pecado e santidade, entre bem e mal. Dessa forma, muitos prosseguem olhando para as multidões, julgando não estarem sós em suas buscas e respostas, e isto lhes é confortável.
No breve diálogo entre Jesus e Pilatos, podemos aprender muitas coisas sobre encontrar a Verdade na Pessoa de Cristo. Será necessário ficar a sós com Jesus, sem interferência da multidão. Buscar ouvir Sua voz, compreender o que diz, o que quer, o que É. O real encontro com Jesus é um marco na vida de qualquer um, pois, implica em transformação de coração. Aquela multidão frente a Pilatos escolhe crucificar Jesus e libertar Barrabás. As multidões de hoje representam o mesmo sentimento de rejeitar a Verdade, de escolher o que lhes convém pelo anseio de satisfazer a maldade.
Jesus ressuscitou, nem a multidão equivocada, nem o poderio do estado, nada foi capaz de vencer a Verdade! A Verdade que é Cristo tem o poder de ressuscitar em nós uma vida nova, cheia de esperança e perspectivas na eternidade. É essa perspectiva que faz com que tenhamos força para caminhar quando as estradas estão repletas de obstáculos. É no encontro com a Verdade que mães encontram forças para orar por seus filhos rebeldes, acreditando que serão salvos, e livres, mesmo quando tudo lhes mostra o contrário. É os olhos fitos em Cristo ( e não nas multidões) que lhes enche de gozo.
É a certeza do encontro com a Verdade que faz com que não nos desesperemos diante do luto, que não nos desesperemos pelas adversidades da vida. É Cristo em nós, Verdade absoluta, que faz com que rejeitemos os murmurinhos do mundo dizendo que nada somos. O amor de Cristo, em nós, nos redime da escravidão, pois Ele mesmo disse: "Conhecerei a Verdade e a Verdade vos libertará" (João 8;32). Que assim seja para você, e para mim, eternamente.
Nada prevalece sobre a Verdade,
Que Deus nos abençoe.
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