A Páscoa e o Egito de ontem e de hoje



João Cruzué

A profecia vai se cumprir. E o mesmo Cristo, que foi crucificado em uma cruz para perdoar os pecados da humanidade, irá voltar pessoalmente para estabelecer o Reino de Deus na terra, com poder e grande glória. Páscoa não tem nada a ver com coelhos nem ovos de chocolates, criações publicitárias para manipular massas e produzir consumo; muito eficientes para vender , mas encobrem a verdade ao distorcer seu real significado. Páscoa é livramento de um perigo imediato. Sua história remonta ao Egito, aos dias do Êxodo. Páscoa tem origem no mundo espiritual e provoca efeitos diretos no cotidiano temporal.

P A S S A D O

Jesus veio para o povo judeu, em cumprimento de muitas profecias. A mais bela delas se encontra em Isaías 9:6: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz."

Os judeus esperavam um Messias libertador descrito na profecia do Salmo 45: "Cinge a tua espada à coxa, ó valente, com a tua glória e a tua majestade. E neste teu esplendor cavalga prosperamente, por causa da verdade, da mansidão e da justiça; e a tua destra te ensinará coisas terríveis. As tuas flechas são agudas no coração dos inimigos do rei, e por elas os povos caíram debaixo de ti."

E assim, inclinados a uma inversão de valores, focados em Roma, aborreceram o Cristo. E por isso foram protagonistas de outra profecia: a de que eles rejeitariam o Messias: "QUEM deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do SENHOR? tudo registrado no capítulo 53 do Livro de Isaías.

E na última semana, Jesus desejou ardentemente celebrar a Páscoa com seus discípulos, que Lucas registrou assim: "E, chegada a hora, JESUS se pôs à mesa, e com ele os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; Porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; Porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus.

As mulheres e as especiarias no sepulcro de Jesus



Wilma Rejane

E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado, e algumas outras com elas. E acharam a pedra revolvida do sepulcro.E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes. E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente entre os mortos?Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galileia, dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite. E lembraram-se das suas palavras.” Lucas 24:1-8

Elas perderam o sono. Dedicaram tempo e renda no preparo de especiarias para ungir o corpo de Jesus que já havia ressuscitado. Estavam em grupo porque sabiam que precisariam remover a pesada pedra. Essas mulheres amavam a Jesus, com todo o coração e sentiam Sua falta, as marcas da profunda convivência que tiveram com Ele não haviam sido apagadas com a morte, mas havia lhes deixado um vazio que não seria preenchido por mais ninguém.

Naquela madruga seus planos foram frustrados, elas foram surpreendidas por mensageiros de Deus cuja visão era tão esplendorosa que se encheram de temor. A luminosidade das vestes dos anjos provocou um desvio de visão, de foco, e todas olharam para o chão. Perplexas, não ousaram olhar diretamente para eles. A glória do Senhor estava visitando-as e convertendo suas expectativas para algo maior e real.

E tudo isso acontece na entrada de um sepulcro, para que saibamos que a ressurreição de Jesus traz de volta a certeza de transformação. Uma certeza que eleva nossa visão para o alto, desviando as expectativas do socorro dessa terra para refugiar-se em Deus. Um Deus que surpreende. A  vida é também repleta de surpresas, de sepulcros que se velam, de madrugadas sem sono, de especiarias  derramadas em mortos. Especiarias comparadas a riso, alegria, tranquilidade abalada pela decepção de caminhadas frustradas.

A Páscoa cristã e a páscoa de Ostara



Wilma Rejane

O que é páscoa? A palavra  vem do hebraico pesah, traduzida para o grego "páscoa", significando passagem. Na Bíblia a primeira citação sobre  Páscoa se encontra no livro de Êxodo 12:11: "Esta é a páscoa do Senhor", uma comemoração ocorrida por ocasião da libertação dos israelitas escravizados no Egito. Uma passagem da vida de escravidão para libertação. Um evento marcado com sangue de cordeiro espargido sob as portas dos libertos, apontando para o sangue definitivo de Cristo Jesus que seria derramado para libertar pecadores.

Páscoa, portanto, é uma passagem que ocorre por via miraculosa, um caminho que somente Deus pode prover, como o mar vermelho se abrindo para que os israelitas, enfim, conseguissem se distanciar de modo implacável dos perseguidores egípcios. Através da ressurreição de Cristo, se torna possível a morte do velho homem e o renascimento do novo. A Páscoa em Cristo abre um novo caminho para que se ande sobre ele, distanciando-se dos pecados de outrora. 

A Páscoa Bíblica ocorre na primavera, na estação do renascimento, dos renovos e das colheitas. Um período estrategicamente escolhido por Deus como a nos dizer que sempre haverá uma "passagem" por onde tudo se refaz. O simbolismo da primavera com a Páscoa é simplesmente feliz! Deus é Aquele que conduz as estações do tempo terreno e que de modo peculiar e miraculoso prepara passagem para nova vida!

O que significa andar na presença de Deus?



João Cruzué

Qual será o significado de andar na presença do Altíssimo? De Isaías a Malaquias, todo os profetas com livros na Bíblia andaram na presença de Jeová, ouviram a sua mensagem e falaram em nome dele.  Houve um tempo na vida de Abraão que Deus cobrou dele uma mudança de atitude: "Abrão, Eu sou o Senhor Deus Todo Poderoso, anda em minha presença e seja perfeito."  O grande propósito de Deus, para se cumprir em todo plenitude na vida do futuro patriarca, dependia de algo que estava faltando. 

O que nos falta, o que precisamos mudar, o que precisamos começar para que você e eu nos entreguemos por completo à vontade de Deus, para que Ele cumpra o seu glorioso propósito em nossa vida? Abrão não perguntou para Deus o que faltava, pelo menos a Bíblia não registra, mas para quem está interessado em se aproximar do Senhor, isto nem é preciso, porque o Espírito Santo já vem martelando no assunto há algum tempo.

Abrão, de vez em quando, dizia umas mentiras por falta de confiança em Deus:

--Olha, Senhor, eu fiquei com medo de perder a vida, por isso, falei para o faraó que Sara era minha irmã... Ah! Senhor, eu concordei com Sara no assunto do herdeiro e achei razoável me deitar com a concubina egípcia...

A vida pode ser uma tragédia



Wilma Rejane

A vida só existe porque também há morte; inversos que tragicamente se completam para dar continuidade a espécie humana. Como o dia, em que brilha o sol, devolvendo o azul claro do céu, tão somente porque existe a noite. E a alegria só se torna possível porque há tristeza. A vida pode parecer óbvia, mas é indecifrável pela presença do inesperado.  E os inesperados da vida, muitas vezes, são considerados tragédia.

O que de fato é uma tragédia? A palavra " tragoedia" tem origem grega e era aplicada a festas em que o canto, a música, era a principal atração. Porém, e de repente, surgia entre os cantores, um animal chamado bode. "tragos = bode e oedia =canto". Portanto, tragédia se caracteriza como uma grande e alegre festa, de final triste, porque o bode era sacrificado como forma de punição por devastar as videiras dos deuses festivos. Tragédia é tudo que se opõe a alegria. É o elemento inesperado que devasta o riso (simbolizado pelo vinho, videira). Ė o sacrifício da vida embutido de angústia pela perda; o riso se vai e a tristeza ocupa seu rastro, transpondo um caminho desconhecido.

Os reveses da vida: de Noemi a Mara, de Mara a Noemi



Autor: Wallace Sousa


"Assim, pois, foram-se ambas, até que chegaram a Belém; e sucedeu que, entrando elas em Belém, toda a cidade se comoveu por causa delas, e diziam: Não é esta Noemi? Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso. Cheia parti, porém vazia o SENHOR me fez tornar; por que pois me chamareis Noemi? O SENHOR testifica contra mim, e o Todo-Poderoso me tem feito mal." Rt 1.19 a 21

Detendo-me a meditar nisso, comecei a refletir e gostaria de compartilhar com você alguma coisa sobre isso, tudo bem?

1. A vida, às vezes, não é justa

Você poderia se colocar no lugar dessa senhora, e imaginar os sofrimentos que ela passou? Se já não fossem suficientes as agruras da estiagem prolongada, agora avalie a subsequente perda de marido, seguida pela perda dos filhos. E isso longe de sua terra, de seus parentes, amigos e auxílios conhecidos. Naquela época, a mulher era muito mais dependente do esposo do que hoje, e a perda de seus filhos foi um golpe a mais em uma vida transbordante de amargura.

Conhecedor de situações quase parecidas, onde meu pai teve que migrar do Nordeste em direção a “São Paulo” (ou Eldorado, para alguns… risos), em busca de uma vida melhor, fugindo do flagelo da seca, que abatia animais no campo e ânimos na cidade, posso ter um vislumbre da situação de Noemi. Se meu pai era obrigado a trabalhar de “sol a sol” para garantir o pão em casa, e minha mãe trabalhava “pra fora” para complementar a renda, e eu mal os via durante o dia, imagino que a vida que Noemi levava não era nada fácil.

Jesus e a mulher samaritana: uma abordagem inédita




Autor:  Eli Lizorkin-Eyzenberg, Ph.D. em Teologia
Do: Israel Institute Of Biblical Studies
Instituição Parceira do Tenda na Rocha


Evangelho de João capítulo 4

O  encontro de Jesus  com  a mulher Samaritana junto ao poço de Jacó,  começa a definir o cenário para o que aconteceria mais tarde em Samaria e está firmado no que aconteceu na Judeia no tempo em que já se desenvolvia o Evangelho. Samaria se transformaria  em um importante polo de evangelismo, aumentando significativamente os discípulos de Jesus. 

Geografia

O texto simplesmente diz que Jesus "teve de passar por Samaria" (vs.4). Talvez, neste momento uma curta aula de geografia seja útil.  Samaria ficava entre  terras da Judéia e da Galiléia. O caminho por Samaria levava o dobro do tempo e era mais perigoso  porque era comum os ânimos se exaltarem entre Samaritanos e Judeus (Ant. 20,118; Guerra 2.232). Não nos é dito a razão pela qual Jesus e seus discípulos precisavam passar por Samaria. João simplesmente diz que Jesus "tinha que ir", implicando que para Jesus esta não era uma atividade comum. Talvez Jesus precisasse chegar a Galiléia relativamente rápido, indo por Samaria, chegaria atrasado. Ele saiu quando sentiu haver confronto com os fariseus sobre sua nacionalidade israelita. Isto está associado à compreensão de Jesus  de que o tempo para tal confronto não deveria ser acelerado. Na mente de Jesus, o confronto com uma liderança religiosa da Judéia, (e não se enganem sobre isso, os principais fariseus eram parte integrante de tal liderança) no momento era prematuro e muito precisaria ser feito antes de ir para cruz e beber do cálice da ira de Deus. A maneira como Jesus via os Samaritanos e seu próprio ministério  pode nos elucidar  a medida que examinarmos esta história.

Sabemos que os movimentos e as atividades de Jesus estavam de acordo com a liderança do Pai. Ele fez o que viu o Pai fazer (Jo 5: 19). Sendo este o caso, podemos estar certos de que a jornada de Jesus através de Samaria,  foi dirigida por seu Pai e assim, também, foi a sua conversa com a mulher Samaritana.

A jornada de Jesus através de território hostil e herético teve um significado além de qualquer explicação superficial. Jesus foi enviado para produzir  paz entre Deus e as pessoas e a realização desse grande propósito começou com um encontro entre Jesus e aqueles que praticamente moravam ao lado: os Samaritanos.

Os samaritanos

Apresentamos duas histórias diferentes dos samaritanos: uma - de acordo com Samaritanos Israelitas, e outra - de acordo com Judeus Israelitas. Enquanto existem dificuldades sobre a confiabilidade dos documentos antigos contaminados pela polêmica Judaica- Samaritana, bem como uma datação tardia das fontes de ambos os lados, algumas coisas podem, contudo, ser estabelecidas: