Autor:
Glênio Paranaguá
E disse: Produza a terra relva, ervas que deem semente e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nele, sobre a terra. E assim se fez. Gênesis 1:11
A primeira manifestação de vida sobre a Terra foi a vegetal. As plantas semeadas no solo, pelo Criador, são a base da cadeia biológica no planeta. Sem o pleno sinal verde no trânsito biológico, não há a menor possibilidade de subsistência do reino animal.
A terra deveria produzir relva, ervas e árvores segundo a sua espécie. Havia uma ordem bem definida na estrutura do DNA de cada célula, formando a espécie conforme os seus genes. Toda espécie tem uma mesma constituição que se perpetua pela semente.
Mas, tudo, antes da queda de Adão, era muito bom. Não havia uma partícula da morte circundando o nosso planeta e, consequentemente, não existia, na terra, qualquer árvore tóxica ou mortífera. Todas as árvores eram boas para se comer. Exceto, a árvore do conhecimento do Bem e do Mal. Mas depois do tombo adâmico, as coisas mudaram.
Ainda que possa haver vários tipos de banana, sabemos que todas elas fazem parte de uma mesma família. Há, entretanto, bananas comestíveis e bravas. Porém, é o fruto que identifica se a árvore é benéfica ou nociva. Vamos pensar um pouco nisto.
Jesus usou o exemplo das plantas para ilustrar a questão da vida espiritual de cada um dos seres humanos. Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto. Lucas 6:43. Veja que o fruto apresentado por Ele é consequência do tipo da árvore. Se a árvore for boa, o fruto será bom. Se ela for má, o fruto será mau. E não há transigência dessa lei. O fruto demonstra a identidade da planta.
Do ponto de vista essencial da bondade, Jesus fez uma afirmação radical: ninguém é bom, senão um, que é Deus. Marcos 10:18. Se não formos bons por natureza, então, toda a bondade praticada por um ser humano é contingente, circunstancial e interesseira.
Creio que foi com esse pano de fundo da espécie, que Jesus tratou do assunto: Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. Mateus 12:33. Se a banana é prata, não mata; é boa. O fruto é quem define se a árvore é boa ou má. Não são as folhas, nem o caule, mas seus frutos. Contudo, não confunda fruto com obras. Máquinas fazem obras. Árvores dão frutos.
As obras são da carne. O fruto é do Espírito. A carne pode produzir obras boas ou más, mas nunca boas obras. Estas foram criadas por Deus para que andássemos nelas. Obras boas ou más são feitas pelo homem natural, mas, as boas obras, pela vida de Cristo em nós. Com a vida de Adão nós somos como uma máquina que faz obras. Com a vida de Cristo em nós, somos como uma árvore que dá bons frutos.
O trator é uma máquina e com ele realizam-se obras. A árvore é um ser vivo que dá frutos de acordo com a vida da sua espécie. Para que uma árvore má possa produzir fruto bom, seria necessário fazer uma mudança transgênica radical em seus genes. Se retirar dela o gene tóxico e introduzir genes benignos, então teremos a conversão da árvore e uma transformação genética capaz deste milagre de frutificação boa numa árvore má.
Jesus não era botânico, embora fosse mestre do ensino e usasse muitas ilustrações ou parábolas adequadas ao seu tempo, como exímio catedrático na questão da espécie: Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas. Lucas 6:44.
Do espinheiro não se espera doce de figo; dos abrolhos, nenhum vinho selecionado. Se estou espetando ou espinhando com sutileza o meu próximo, não sou dos fidalgos que descendem da espécie de cima. Sou, talvez, apenas uma rasteira e tóxica “Strychnos nux-vomica” capaz de matar em convulsões asfixiantes um adulto, em poucas horas. E, nesse caso, meu fruto é de um verde alaranjado lindo, mas o meu veneno é fatal.
Do espinheiro não se espera doce de figo; dos abrolhos, nenhum vinho selecionado. Se estou espetando ou espinhando com sutileza o meu próximo, não sou dos fidalgos que descendem da espécie de cima. Sou, talvez, apenas uma rasteira e tóxica “Strychnos nux-vomica” capaz de matar em convulsões asfixiantes um adulto, em poucas horas. E, nesse caso, meu fruto é de um verde alaranjado lindo, mas o meu veneno é fatal.
Desde pequeno ouvi: “cuidado com o fruto que passarinho não bica”. A carambola é um desses: lindo, gostoso, mas passarinho não come. Tem uma toxina que ataca os rins. No mundo do relacionamento há muita gente em que os frutos dos lábios são até belos aos ouvidos, mas inflamam as entranhas com o veneno da alma.
A frutificação é sempre produto da espécie. Árvore boa dá bom fruto; má, mau fruto. O ser carnal frutifica segundo a carne e o seu fruto é maligno, enquanto, o ser espiritual frutifica de acordo com a vida vivificada pela ressurreição de Cristo, e o fruto é benigno.
A carne é a vida de Adão, que frutifica para morte. Por outro lado, a vida espiritual é Cristo vivendo em nós, depois de ter-nos crucificado juntamente com Ele, dando o fim ao nosso velho homem, a fim de frutificarmos em novidade de vida para a glória da Trindade.
Jesus foi bem categórico nesse assunto: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada. Mateus 15:13. Não sei se há outra planta, além da natureza do pecado, que Deus não tenha plantado. Não posso ver outra e, essa, deve ser substituída.
Jesus ainda foi incisivo quanto à produtividade de cada planta segundo sua espécie: Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Mateus 7:18. Veja que esse não pode é de alguém que não pode blefar. É impossível ter um fragmento de inverdade nessa declaração. Jesus, sendo Deus, não pode mentir.
Creio que o Criador realizou uma transgenia em Cristo crucificado. Ao incluir todos os pecadores eleitos no corpo de Cristo, na cruz, fez com que os pecados dos pecadores eleitos fossem transferidos para Cristo, a fim de serem justificados por Cristo, para então, ser imputada a justiça de Cristo no pecador eleito, justificado pela graça.
Parece que a Trindade se envolveu aqui numa operação de transferência de genes, bem arriscada, ao incluir o nosso velho homem em Cristo crucificado, para, em seguida, imputar-nos a vida de Cristo ressuscitado como a nossa garantia de regeneração. Vejam como Jesus descreve a obra da redenção. Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós. João 14:20. É um assunto de fé na Palavra.
A engenharia genética vem fazendo experiências semelhantes na agricultura. Se um cientista pode fazer essa transferência, criando espécies mais resistentes e outras com características diferentes, seria impossível ao Altíssimo realizar uma façanha como essa? Seria impossível para o Deus Todo-Poderoso nos fazer participantes de sua natureza?
Talvez a profecia aqui estivesse nos mostrando o milagre nas entrelinhas. Em lugar do espinheiro, crescerá o cipreste, e em lugar da sarça crescerá a murta; e será isto glória para o SENHOR e memorial eterno, que jamais será extinto. Isaías 55:13.
A única maneira deste milagre se efetuar foi a encarnação de Deus e a transferência dos pecados dos escolhidos do Pai para o Seu Filho Amado, Cristo Jesus, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, contudo, segundo o Espírito. Romanos 8:4.
No mais, no pomar de Deus, não há lugar para uma planta que não dá bons frutos. Jesus foi também enfático: Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Mateus 7:19. O que podemos nós retrucar? Ele diz que a árvore má não pode dar bom fruto e a árvore que não produz bom fruto é cortada e incinerada. E agora?
O trigo e o joio podem conviver no mesmo campo, embora, no final, o trigo seja recolhido no celeiro, enquanto o joio amarrado em feixes e ateado ao fogo.
Para Jesus, o ponto está bem claro: Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Mateus 7:17. Não há como contra argumentar com o Senhor. Tudo agora depende da revelação do Espírito Santo.
Segundo Jesus a coisa fica simples, desse jeito: Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis. Mateus 7:20. Se eu minto, sou mentiroso. A mentira é um fruto da espécie mitomaníaca. Se sou mentiroso, sou filho do Diabo, o pai da mentira.
Se eu odeio, sou um assassino, pois quem odeia também é da família de Satanás. Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si. 1 João 3:15. Tudo o que produzo em mim é uma consequência do que sou. Os meus atos refletem a minha natureza.
Se amo os meus inimigos, os que não gostam de mim, é porque houve, de fato, uma obra transgênica em meu DNA, de cunho espiritual, que me levou a produzir, em mim, os frutos de natureza divina. O apóstolo Pedro viu assim a transferência do caráter Divino: pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo. 2 Pedro 1:4.
Fica evidente que na encarnação de Cristo, Deus assume todo o pecado do pecador, na cruz, para levar os Seus a morrerem com Ele, e, na Sua ressurreição, todos aqueles que vierem a crer, pela graça, possam receber a co-participação da natureza Divina, como a única garantia de um processo de transgenia espiritual, que precisa ser cultivada no modo de viver de cada um dos filhos de Abba: não mais eu, mas Cristo. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário