Você já recebeu um presente assim?!


Wallace Sousa
Aproveitando minhas férias, fui participar de um evento que há muito eu queria: o Congresso Profético Internacional promovido pela Chamada da Meia Noite, em Águas de Lindoia/SP.
Foi um evento abençoador para mim.
Lá eu conheci a missionária Eliete, professora de hebraico, universitária e doutora acadêmica, que já morou 4 anos em Israel e atuou em vários países ao redor do mundo, fluente em 8 idiomas e de uma presença muito agradável. Caso tenha interesse em aprender hebraico, entre em contato com ela.
A própria cidade de Águas de Lindoia, a qual eu ainda não conhecia mas sempre tive vontade de conhecer, além de sua vizinha Monte Sião, em Minas Gerais, foi outra grata surpresa.
Mas, para minha surpresa, a maior surpresa(!) estava reservada para onde e quando eu menos esperava. Como eu havia levado alguns livros meus, o Vou Desistir… Não Aguento Mais!, acabei presenteando algumas pessoas a quem Deus tocou em meu coração para lhes dar.
Entretanto, o evento se findou e acabou sobrando um livro comigo. Pensei em quem dar, mas não me veio ninguém especial à mente. Então acabei deixando comigo, caso surgisse uma oportunidade, mas não fiquei encucado com isso.
Pois bem, na volta, já no aeroporto de Congonhas, na fila de embarque, quase atrasado e meio afobado tentando gerenciar mala, comprovante de check-in, celular e toda essa parafernália que temos que lidar hoje em dia, eis que noto à minha frente uma jovem casada, assim me pareceu, falando ao celular.
Ela parece angustiada, pensei.
Não, ela ESTAVA angustiada, tive certeza. Ela chorava. Disfarçadamente, quase, mas chorava. Alcancei um cartão do blog e dei pra ela, na esperança que viesse a ler. Ela tentou recusar mas, eu, na cara-dura, insisti.


E, nessa recusa, ela quase desabou a chorar. Mas, foi forte e conseguiu se controlar. Será que eu forcei demais ou eu estava muito desajeitado, causando medo? Mistério.
Todavia, eu continuei incomodado, praticamente sabendo de antemão que ela não leria o cartão ou por perdê-lo ou por jogá-lo fora. O que fazer? Então me lembrei que ainda tinha um livro. Havia sobrado um. E parece que não havia sobrado à toa – ele tinha destino e destinatário certo: ela.
Passei novamente outra camada de óleo de peroba na cara, agi como um tonto equilibrando mala, celular, bolsa de ombro, bilhete de check-in e, agora, mais o livro. Me atrapalhei pra tirar o livro de onde o havia guardado e quase acabei perdendo a moça de vista.
Livro em mãos, lá vai o tonto arrastando a mala todo atabalhoado pra tentar dar o livro pra ela. Consegui alcançá-la, mais uma vez bati em seu ombro e lhe ofereci o livro. Após a viagem de ônibus de Águas de Lindoia até Congonhas eu devia estar um lixo, porque ela olhou pra mim e quis, de novo, chorar. Mas, será o Benedito?
Ignorei a careta e ofereci o livro. Ela agradeceu e pegou sem sequer prestar atenção. Talvez fosse medo da minha aparência ou, quem sabe, algo como: “melhor aceitar que ele vai me deixar em paz”, pode ter pensado ela.
Que tempos estranhos estamos vivendo, não é mesmo, que até pra dar um presente temos que insistir pra pessoa aceitar… Mas, enfim.
Entramos no avião, ela se acomodou nas poltronas iniciais e eu mais ao fundo e não a vi mais. Ela nem vai ler o livro, vai dar um jeito de se livrar dele, pensei eu.
Enfim, fiz a minha parte. Só me restava descansar e pedir ao Senhor que pudesse tocá-la pela leitura ou que, de alguma forma, aquilo tivesse algum inesperado efeito positivo sobre ela.
Mas, sendo sincero, eu duvidava que esse breve e estranho gesto tivesse algum resultado benéfico ou prático. Orei e entreguei nas mãos de Deus. Já não dependia mais de mim.
Então, dias depois, eis que me chega um email. Este email que copiei abaixo, para ser mais preciso.
Não vou falar mais. Vou deixar que você o leia e saiba porque eu coloquei esse título: eu dei um presente, mas o abençoado fui eu!
Leia o que ela, aquela jovem da fila de embarque, me escreveu.

Segue o relato da Natalie!

“Olá Wallace, boa noite!
Meu nome é Natalie* e eu sou aquela menina que chorava desesperadamente no aeroporto de Congonhas na hora do embarque do seu voo para Brasília no sábado, dia 22.
Queria ter te escrito antes, mas sou daquelas pessoas que vai deixando para depois ao ponto que o que se pretendia fazer/escrever parece não fazer mais sentido.
Bom, primeiro queria agradecer, em estado de plena consciência, o seu ato de compaixão, se é que foi isso que te motivou a me dar o seu livro. Você não sabe o impacto que somente o título do seu livro teve sobre mim.
É que eu vinha falando essas exatas frases nas últimas sessões com a minha psicóloga, a quem recorro para superar alguns traumas e dificuldades da minha vida.
Enfim, naquele dia no avião o seu livro me fez chorar mais do que eu já chorava, mas porque eu realmente me senti abençoada e sob os cuidados de Deus. Não posso dizer que frequento a missa nem que sou católica assídua, porém acredito sim em Deus e em tudo que ele representa.
Hoje voltei a ler o seu livro e senti de novo que precisava te mandar uma mensagem, principalmente porque sei que você o escreveu de coração e pode ser que não receba o reconhecimento devido. Pois bem, o meu reconhecimento você está recebendo agora e vou além, você conseguiu tocar o meu coração.
Confesso que sou um pouco rigorosa quanto à escrita, vocábulos e o uso de destaques, mas o seu livro não poderia transmitir melhor a sua mensagem se não fosse escrito da maneira que ele foi. Esclarecendo essa minha chatice, eu sou advogada e como muitos que vivem do direito, um pouco “quadrada”.
Simpatizei de verdade com você e poderia escrever muito mais, mas não quero perder o foco que é te agradecer por ter me acalmado naquele dia e me ter passado a confiança de que independentemente do que eu esteja vivendo agora, tudo isso faz parte dos “estágios da vida” e do meu caminho a felicidade e glória.
Por fim, acessei hoje o seu blog e quem sabe ele não passará a ser lido por mim também.
Atenciosamente,
Natalie”
*nome alterado por questões éticas. A autora foi consultada e autorizou esta divulgação. Obrigado, Natalie!
E você, caro leitor (ou leitora), já presenteou alguém e, no final, descobriu que quem ganhou, mesmo, foi você?
Conta aí nos comentários como foi. E, se ainda não fez isso, está em tempo. Quem sabe você também não ganha o dia recebendo uma mensagem assim?
;)

Wallace Sousa edita o blog Desafiando Limites e é colaborador do Tenda na Rocha

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