Por Joe Thorn
Em Reforma 21
Em quase 20 anos de ministério pastoral, tenho visto dois tipos de pessoas com dificuldades com o conceito do amor de Deus. Por um lado, temos aqueles que simplesmente assumem que Deus os ama e pensam muito pouco sobre isso. Por outro, muitos duvidam do amor de Deus por si e tendem a avaliar esse amor com base nas circunstâncias.
Como sabemos que Deus nos ama, e o como é esse amor? Como respondemos essas perguntas, e todos nós temos respostas para elas, de forma consciente ou não, é o que determina nossa visão a respeito de Deus e a saúde da nossa fé.
Como podemos saber se Deus nos ama? Muitos tem certeza do amor de Deus por meio de Sua boa e generosa providência. Muitos creem que a prova do amor de Deus pode ser encontrada nas coisas boas que ele nos dá nessa vida. Orações respondidas da forma como queremos? Deus me ama! Provisão em tempo de necessidade? Deus me ama! Belas paisagens, comida deliciosa, uma família feliz, uma carreira de sucesso? Deus me ama! Obviamente, isso levanta a pergunta: Deus não ama aqueles cujas vidas são caracterizadas por perdas, aflições, sofrimento e necessidade?
Embora seja correto dizer que a benevolência de Deus é vista nas muitas formas com que ele provê tanto para o justo quanto para o ímpio (Mateus 5.45), não podemos olhar para as nossas circunstâncias para ter a certeza do amor de Deus. Não apenas isso nos leva a acreditar que Deus ama mais uns do que outros – e, às vezes, os ímpios mais dos que os justos – mas isso também prejudica nossa fé.
Quando nos certificamos do amor de Deus por meio do que ele nos provê, iremos questionar seu amor quando nossas necessidades não são atendidas. Deus pode parecer temperamental, injusto ou desinteressado, se permitirmos que as mudanças de estação em nossas vidas serem a ferramenta hermenêutica pela qual entendemos o amor de Deus.
Se não podemos basear nosso entendimento do amor de Deus por nós em nossas circunstâncias, então basearemos em que?
Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. (1 João 4.9)
O amor de Deus foi manifesto, apresentado publicamente, no envio do Seu Filho, Jesus Cristo. Quando se trata do “envio” do Filho de Deus, não estamos falando apenas de sua aparição na terra, mas tudo, desde sua encarnação até a crucificação e a ressurreição (Gálatas 4.4,5; Romanos 8.3; 1 João 4.10). O amor de Deus é visto de maneira plena no que Ele fez por nós 2000 anos atrás. E o que Deus fez ao enviar Jesus? Ele enviou um substituto que iria alcançar a justiça que era requerida de nós e expiar os pecados que nós cometemos. A palavra que João usa para explicar o amor de Deus por nós na cruz é propiciação. Essa palavra significa, em sua essência, satisfazer, mas, mais especificamente, propiciação é a satisfação da ira de Deus contra nosso pecado por meio da morte de Jesus Cristo (veja Romanos 3.25 e Hebreus 2.17).
Como sabemos que Deus nos ama? Porque Jesus morreu por nós. Pelo seu sacrifício, o pecado foi pago e a ira de Deus contra nós chegou ao fim. Quando estamos nos perguntando o que Deus pensa de nós e de seu povo, quando temos dúvidas a respeito da afeição de Deus por nós, nós olhamos para trás. O amor de Deus não é visto hoje na nossa satisfação nessa vida, mas ontem, na satisfação que ele tem em Seu Filho. O amor de Deus é melhor enxergado não na agradável providência em nossas vidas, mas na propiciação na morte de Jesus Cristo.
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