"Assim como Janes Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem a verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto a fé. Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesta a sua insensatez, como também o foi a daqueles". II Timóteo 3:8-9.
O apóstolo Paulo no texto supracitado, falava dos seus oponentes, os quais lhe resistiam na pregação do evangelho, e comparava que o fim deles, seria como o de Janes e Jambres, que resistiram a Moisés.
A única referência bíblica que encontramos sobre o referido texto, é relacionando-o com os mágicos que a serviço de Faraó, tentaram sem sucesso, apresentarem milagres mais poderosos do que os de Moisés, através de suas magias e encantamentos.
"Então, Moisés e Arão entraram a Faraó e fizeram assim como o SENHOR ordenara; e lançou Arão a sua vara diante de Faraó, e diante dos seus servos, e tornou-se em serpente. E Faraó também chamou os sábios e encantadores; e os magos do Egito fizeram também o mesmo com os seus encantamentos. Porque cada um lançou sua vara, e tornaram-se em serpentes; mas a vara de Arão tragou as varas deles". Êxodo 7:10-12
Por que os nomes de Janes e Jambres não são citados em qualquer outro lugar do texto sagrado, mesmo nas experiências bíblicas semelhantes, citadas na sequência do texto acima, a não ser exclusivamente uma única vez pelo Apóstolo Paulo, quando escrevia a Timóteo?
Em primeiro lugar, o texto sagrado foi genérico quando citou que Faraó chamou os sábios e encantadores, ou mesmo quando se refere como os magos do Egito. Como eram vários, por certo não houve a necessidade de nominá-los.
Acontece que Paulo, por ter sido um estudioso nato desde a sua juventude, enviado por seus pais de Tarso para Jerusalém para se formar Rabí ou Mestre aos pés de Gamaliel, tornou-se portador de uma elevada cultura, o que possibilitava que tivesse conhecimentos seculares, filosóficos e mesmo históricos, os quais após a sua conversão a Cristo, não os considerava acima da Palavra de Deus, mas chegou a taxá-los como esterco, conforme descreve no texto a seguir:
"Ainda que também podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu, segundo o zelo, perseguidor da igreja; segundo a justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo". Filipenses 3:4-8
No entanto, independente das suas próprias considerações de caráter espiritual, o certo é que Paulo tinha conhecimento de toda a história, e os livros da época, em sua maioria, citavam os nomes de Janes e Jambres entre os principais mágicos e encantadores, justamente no tempo em que foram convocados por Faraó para resistirem a Moisés.
Na época de Paulo, havia em circulação uma espécie de livro judaico, que provavelmente ridicularizava Janes e Jambres como insensatos, justamente pela referida ação ante Moisés.
Os nomes de Janes e Jambres, figuram também em mais de um lugar, em um Targum de Jônatas (Targum: Conjunto de traduções e comentários de textos bíblicos que datam do séc. VI a. C.), em um dos quais temos o seu comentário sôbre a passagem de Êxodo 1:15. Ainda o Targum do mesmo Jônatas sôbre Números 22:22, considera Janes e Jambres como os principais entre os mágicos egípcios.
Em vários outros escritos cristãos primitivos, eram citados os nomes de Janes e Jambres, inclusive no evangelho apócrifo de Nicodemos em seu quinto capítulo. Orígenes faz alusão a um livro que tinha o nome deles e Plínio também faz alusão a eles ( ver História Natural xxx. 1,11).
Numênio, o filósofo, refere-se a Janes e Jambres, como escribas egípcios, famosos por seus escritos acerca das artes do ocultismo, o que os coloca na condição de professores de artes mágicas naquele tempo.
Essas informações por certo deram ao apóstolo Paulo, a conscientização necessária para considerar Janes e Jambres, como os líderes daqueles mágicos contratados por Faraó.
As considerações acima mostram que, ainda que outros conhecimentos não sejam necessariamente fundamentais para a pregação do evangelho, se bem utilizados, podem assessorar em muito na interpretação por parte daqueles que ensinam, e para o entendimento por parte daqueles que lhes ouvem.
Por outro lado, a citação nominal do apóstolo Paulo sobre as figuras de Janes e Jambres, passaram a representar a personificação daqueles que usam de meios humanos ou até mesmo demoníacos para tentar desqualificar ou banalizar o extraordinário de Deus na vida dos seus servos sinceros. Aqueles que agem assim, infelizmente podem ser considerados seus discípulos.
Fonte de consulta:
Paulo de Tarso - O Maior Bandeirante do Evangelho - Huberto Rohden - Editora Martin Claret e O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo - R.N. Champlin, Ph. D. - Editora Hagnos Ltda.
Via blog Point Rhema
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