Wilma Rejane
Esse tema não é comentado com frequência em família ou nas igrejas. É um drama real que ocorre na surdina sob opressão e medo de que venha à tona. As vítimas são fragilizadas pela ameaça e insegurança, pela condição de dominador adulto e dominado infantil. É delicado falar sobre isso, porém é inevitável que quanto Igreja ajudemos a combater esses atos.
As vitimas de abusos também sofrem com o trauma espiritual criando uma imagem distorcida de Deus e de si próprio. Por essa causa é que o tratamento deve incluir o viés espiritual e não deve de modo algum desprezar as áreas da ciência especializadas no caso: psicologia, sociologia, pedagogia e outros.
Como identificar as vítimas de abuso e tratar os agressores? Há comportamentos que são comuns entre as vítimas de abuso sexual e que podem ser usados como referências na identificação dos casos:
Comportamentos. Têm comportamentos regressivos que são típicos de crianças mais pequenas, como por exemplo seu rendimento escolar baixa consideravelmente e passa a ter comportamentos agressivos e de hiperatividade.
Vida quotidiana. Começa a ser frequente as dificuldades para conciliar o sono, distúrbios alimentares (bulimia, anorexia), e ataques de choro repentinos sem motivo aparente. Evita ficar sozinho, pede a um adulto ou a alguém de confiança que fique com ele todo o tempo.
Aspetos emocionais. Há uma mudança drástica no seu humor, geralmente caracteriza-se por um retraimento, mas de vez em quando aparecem comportamentos agressivos e hiperativos. Apresenta características depressivas, há um notável aumento de ansiedade e manifesta traços de baixa autoestima.
Comportamentos sexuais. Têm conhecimentos e comportamentos sexuais inadequados para a sua idade. Costumam fazer desenhos, ter fantasias ou participar em jogos que têm referencia a atividades sexuais. Também costumam vestir uma quantidade de roupa excessiva para sair de casa ou dentro de casa, como forma de dificultar o abuso.
Comportamentos destrutivos. Podem ter comportamentos violentos contra si mesmos, gerando todo o tipo de lesões inclusivamente em alguns casos, estas crianças tiveram ideias ou comportamentos suicidas.
Relações interpessoais. Têm dificuldade para se relacionarem com crianças da sua idade. Muitas vezes, negam-se a visitar familiares ou amigos da família. Tendem a afastar-se dos seus amigos e familiares.
Como tratar a criança vítima de abuso?
Prevenção. A educação para
prevenir os abusos sexuais é fundamental. Tente deixar um tempo
prudencial para falar com seu filho sobre a prevenção deste tipo de
situações. É importante que ele não se sinta pressionado por toda esta
situação e que você respeite seu tempo. Tente transmitir a informação de
forma clara e com carinho, gerando confiança e segurança nele.
Suspeitas. Se suspeitar que seu filho sofreu algum abuso sexual, fale com ele. Pergunte se alguma pessoa fez alguma coisa, ou tocou ou tentou alguma atividade sexual com ele. É fundamental estar tranquilo para poder transmitir segurança e tranquilidade à criança.
Negação. Se a criança nega uma situação de abuso mas os indícios são evidentes, consulte com um médico especialista. Informe a criança de que você faz isso por sua saúde e não porque desconfia dela, mas explique que este é um assunto grave e muito delicado. Em todo momento a criança tem que sentir que você apoia ela, confia e cuida dela.
Verbalização. Se a criança contar que foi vítima de um abuso sexual, escute-a com atenção. Raras vezes as crianças inventam histórias relacionadas com abusos. Tente fazer perguntas claras e evite perguntar coisas que aumentem seu grau de angústia ainda mais. Mantenha sempre a calma.
Sentimentos. Neste tipo de situação as crianças se sentem agoniadas, envergonhadas e culpadas. Você deve tratar de demonstrar que ela não deve se sentir assim, que a culpa não é dela, e que você sempre vai estar ali para apoiá-la em tudo. Mostre seu amor durante esta conversa, abrace-a e diga que tudo vai ficar bem.
Consulte um médico especialista. Peça uma consulta com um médico especialista para realizar um exame físico na criança. Informe-a de que você vai levá-la com pessoas que vão lhe ajudar, e que ela deve contar o ocorrido para elas. Esclareça em todo momento que ela deve ficar tranquila, que você vai acompanhá-la neste processo.
Denúncia. É fundamental realizar uma denúncia diante das autoridades. A criança deve saber que essa pessoa fez algo ruim e que portanto será castigada. Explique a importância de denunciar e informar sobre este fato.
Consulta psicológica. O abuso sexual tem diversas consequências negativas, é por isso que é fundamental contar com o apoio de um psicólogo para um tratamento adequado em casos graves como este. Você também pode consultar este profissional sobre como encarar este tipo de situações da melhor forma possível.
Demonstração de carinho. Informe a criança de que você sempre estará ali para o que ela precisar, demonstre seu carinho com frequência e trabalhe sua autoestima. É importante que exista um clima de amor e tranquilidade na casa para poder superar a situação da melhor maneira possível.
Aconselhamento pastoral às vítimas. As igrejas podem pensar numa capacitação contínua dos seus líderes neste sentido ou criar um departamento de aconselhamento cristão que muito pode contribuir para a cura emocional dessas pessoas.O assunto é difícil, mas, é preciso romper o silêncio, acima de tudo com uma proposta bíblica onde o amor, compreensão, apoio, ajuda e confrontação sejam elevados de forma clara e relevante.São para esses e outros tipos de problemas familiares que a Igreja se põe como mensageira da graça de Cristo.
Depoimento de jovem que foi curada dos traumas de abuso sexual:
Deus se revela no
amor. E o amor tem que ser experimentado, tem que brotar da confiança e
do relacionamento. Se na fé cristã Deus é chamado de “Pai”,fica
evidente que experiências marcantes com o pai humano, ou figuras
paternas, tais como educadores, sacerdotes, tutores se transferem
inconscientemente para a imagem de Deus Pai. Quanto mais cedo isso
acontece na infância mais intensa a projeção. Fato que explica o
questionamento de muitos, que ao escutarem falar do Deus amoroso,
indagam onde está Deus, se são permitidas fome, guerra, morte e
injustiças? (1)
"Tenho 23 anos, sou cristã desde os 16, faço curso técnico de nutrição, atuo no ministério infantil e ensino a Bíblia para novos convertidos. Meu maior sonho é de abençoar pessoas com o meu testemunho, então peço a Deus que Ele fale com você através deste texto hoje!!!
Bom não sabia como começar, mas pedi a Deus que me desse uma direção e que Ele me desse graça para compartilhar o que Ele tem feito em minha vida, é maravilhoso!
Perdi minha mãe com 5 anos e passei a ser criada por minhas tias, tios e avó num quintal bem grande na cidade que moro, meu pai trabalhava bastante então ficava aos cuidados deles. Com toda essa situação passei a ser uma criança tímida, introvertida, quieta e amarga, mas não era só isso… Após a morte da minha mãe sofri abusos sexuais constantes por 7 anos por parte de alguém que a minha família confiava muito, essa foi mais uma situação que contribuiu para Satanás agir em minha vida.
O tempo passou, me tornei uma moça e aquilo me doía muito pois passei a entender o que havia acontecido comigo! Me vi então como uma pessoa amarga, tinha medo das pessoas e medo de ser rejeitada pelas pessoas que se aproximavam de mim.
Mas não aceitava ter passado por aquilo, havia muita raiva dentro de mim… Foi quando, graças a Deus, eu me converti num sábado, aconteceu através de uma música que dizia assim:
“Jesus minha vida eu te dou te convido pra morar dentro do meu coração..”
Naquele dia entreguei a minha vida a Jesus e permiti que Ele agisse em mim!
O tempo passou e um dia eu, não aguentando mais aquela situação, tudo aquilo que estava dentro de mim, aquela angústia e tudo o mais, entrei no banheiro (pois é no banheiro rs) e orei a Deus assim :
“Senhor eu não aguento mais essa situação, essa ira dentro de mim, essa raiva. Não aceito isso Deus! Quando que isso vai acabar e ser revelado?!”
E Deus, é claro, me respondeu assim: “No Meu tempo tudo será revelado”.
Amados, não passou muito tempo e Deus trouxe tudo à tona através de um primo meu que passara pelas mesmas coisas.
Então Deus começou a trabalhar sobre perdão em minha vida! Todo sentimento de rejeição, timidez, medo das pessoas, de me relacionar, tudo o que o diabo aproveitava da minha vida Deus foi me curando, e até hoje tem tratado situações que ainda necessitam de cura.
Contei um pouco do meu passado, e o meu hoje???
Graças a Deus tenho conseguido superar as coisas através de muita oração, Palavra e comunhão com a Igreja, especialmente uma irmã que me acompanha de perto até hoje!
Hoje, graças a Deus, tenho um noivo, uma pessoa que está ao meu lado sempre! Amo, mais amo mesmo estar com as pessoas! Todo aquele complexo de me sentir inferior de que eu não posso, timidez, aquela pessoa introvertida, Deus me curou e me mostrou a verdadeira identidade e vocação!
Hoje a pessoa se converteu e me pediu perdão por tudo o que havia feito. Aconteceu num culto de ceia, ele veio até mim e perguntou se eu o perdoava, olhei com toda sinceridade e respondi “sim eu te perdoo!” Naquele momento eu vi mais uma vez o amor de DEUS na minha vida e na dele! A Justiça está no processo para julgamento, pois houveram outras denúncias contra ele, mas não tenho mais detalhes sobre isso.
Em resumo, hoje estou em paz com o meu passado, tenho uma nova vida graças a DEUS!
Quero que saibam que Deus é poderoso para curar, restaurar, libertar e fazer tudo novo por nós pra que experimentemos e vivamos a boa perfeita e agradável vontade dEle para nós! Se você está passando por lutas, ou já teve mágoas em sua vida, Deus é poderoso e bom o suficiente para te refazer tudo!!!!
“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:2
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Fontes:
(1) ARAUJO, Viviane Brunhilde Jung; MUELLER, Enio R. Quando Deus se esconde: o desafio da presença solidária a partir do livro de Jó. Monografia (Pós-Graduação em Psicologia e Aconselhamento Pastoral) –Programa de Pós Graduação em Teologia, Faculdades EST, São Leopoldo, 2004
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