Abrindo a porta para mais um milagre em Cafarnaum



Wilma Rejane

Cafarnaum era uma pequena aldeia de aproximadamente mil e quinhentos habitantes, situada às margens do mar da Galileia. Atualmente o que resta de Cafarnaum são ruínas conservadas como patrimônio histórico e complexo turístico. Lá moravam: Apóstolo Pedro, André e Mateus. Jesus realizou muitos milagres no lugar, mas a maioria da população da pequena aldeia parecia ter o coração endurecido de modo que Jesus repreendeu seus habitantes dizendo que por muito menos teriam se convertido os moradores de Sodoma e Gomorra (Mateus 11:23,24). Isso é assustador, porque Cafarnaum era uma cidade modelo, pacata, à beira mar, com pessoas comuns trabalhando na pesca ou sob as ordens de Roma, sem altos índices de violência... E Sodoma e Gomorra? Reconhecidamente era um centro de práticas obscenas e homossexuais. Como explicar ser o pecado de Cafarnaum maior que o de Sodoma?

Entendo que Cafarnaum viu a Jesus, recebeu Sua presença e Palavra e O rejeitou. Enquanto que a Sodoma e Gomorra não recebeu Jesus, como creriam? Entendo ainda que há outra importante mensagem sobre Sodoma e Gomorra quando da sentença de Jesus sobre Cafarnaum: É possível uma transformação do estilo de vida promíscuo e homossexual para uma vida genuinamente cristã. Nunca ouvi qualquer sermão sobre a conversão de Sodoma e Gomorra mas foi exatamente isto que Jesus afirmou.

Pois bem, prossigamos em nosso roteiro de viagens em Cafarnaum. Lá Jesus curou um paralitico que desceu de maca por uma abertura no telhado, perdoando-lhe todos os pecados. Jesus zerou a dívida de pecados do paralítico, maravilhoso, não? Andando, leve, livre e feliz!

Em Cafarnaum Jesus expulsou o demônio de um homem que estava na sinagoga,curou a sogra de Pedro e fez muitas outras coisas! E entre essas coisas, quero destacar a cura do servo de um centurião romano. Essa história é narrada por Lucas e por Mateus com algumas diferenças que geram polêmicas. Porém, não há contradição no acontecido. Vamos conferir o relato de Lucas:



Lucas 7:1-10

"E, depois de concluir todos estes discursos perante o povo, entrou em Cafarnaum.O servo de um certo centurião, a quem muito estimava, estava doente, e moribundo.Quando ouviu falar de Jesus, enviou-lhe uns anciãos dos judeus, rogando-lhe que viesse curar o seu servo. E, chegando eles junto de Jesus, rogaram-lhe muito, dizendo: É digno de que lhe concedas isto, Porque ama a nossa nação, e ele mesmo nos edificou a sinagoga.

E foi Jesus com eles; mas, quando já estava perto da casa, enviou-lhe o centurião uns amigos, dizendo-lhe: Senhor, não te incomodes, porque não sou digno de que entres debaixo do meu telhado. E por isso nem ainda me julguei digno de ir ter contigo; dize, porém, uma palavra, e o meu criado sarará. Porque também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados sob o meu poder, e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.
E, ouvindo isto Jesus, maravilhou-se dele, e voltando-se, disse à multidão que o seguia: Digo-vos que nem ainda em Israel tenho achado tanta fé. E, voltando para casa os que foram enviados, acharam são o servo enfermo."

Já no Evangelho de Mateus é narrado como se o próprio centurião estivesse ido de encontro a Jesus, o que acontece é a descrição fiel da conversa entre os anciãos e Jesus. Os anciãos são portadores do pedido do centurião, falam pelo centurião no que Mateus considerou isso. A verdade é que o centurião não foi de encontro a Jesus e esse é o principal motivo de ter Jesus elogiado sua fé. Ele creu que Jesus era autoridade espiritual e a Palavra dita mesmo a distância produziria resultado.

O centurião não era judeu, era romano. Tinha a difícil tarefa de comandar cerca de 100 homens que cobravam impostos da população, encargos muitas vezes injustos, acima dos valores reais. Apesar da função melindrosa, o centurião, contudo era estimado a julgar pelo modo com que tratava seu empregado e era descrito pelos anciãos. Ele, porém não se achava digno de receber Jesus em sua casa. Por que? Penso que o ofício de coletar impostos lhe acarretava culpa, ganhos ilícitos e ele se considerava indigno de ter Jesus em sua casa. Mas creio, de acordo com os relatos que Jesus passou a habitar em seu coração.

Vejo grande semelhança entre o comportamento do centurião de Cafarnaum e o publicano de Lucas 18:9:14. Por sinal o publicano era coletor de impostos. Ele orava ao lado de um fariseu que se achava santo e merecedor. Mas ele com profundo arrependimento clamava a Deus: "Ó Deus, sê propício a mim, pecador!".


E do encontro entre Jesus e os amigos do centurião de Cafarnaum podemos aprender muitas lições, mas aqui quero concluir enfocando sobre orações:

Oração em grupo, feita por muitas pessoas ao mesmo tempo: é representada pelos anciãos que diante de Jesus rogaram pela causa do centurião. Eles se compadecerem ou por estima, ou por temor, ou por outros motivos não explícitos. Lucas diz que eles “rogaram-Lhe muito”, ou seja, com intensidade, com ênfase, com obstinação e Jesus os ouviu já ia andando em direção a casa do centurião quando aparece alguns amigos.

Oração em grupo mudando a direção: Enquanto o grupo orava a Jesus descrevendo quem era o centurião e o que este tinha feito, aparece outros amigo rogando de modo diferente: “Senhor, ele disse que não precisa ir até sua casa, ele não é digno de Ti, manda apenas uma palavra e o criado sarará, pois ele também é homem de autoridade e diz a um vai e este vai e a outro vem e este vem”. E a esta oração Jesus atendeu imediatamente.

Oração a distância, por terceiros: A Palavra de Deus curou o servo doente, paralitico e atormentado. A Palavra tem poder no campo físico e espiritual e ultrapassa quaisquer barreira. Jesus foi a casa do centurião através da Palavra, Ele é o Verbo, a Bíblia.

Chaves para oração, oração é a chave

Embora muitos considerem oração algo místico e cheio de mistérios a Palavra de Deus nos revela que a chave para a oração está na fé e em um coração humilde e contrito.

Salmos 51:16-17:Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.

Existem inúmeros benefícios advindos da oração,entre os quais destaco:

  • A oração faz Deus intervir com poder
  • Faz ligação entre a misericórdia Divina e a necessidade humana
  • É a base de nossa fé
  • Oração é fonte de alegria pela presença de Deus
  • Oração é um modo de trazermos a existência a vontade de Deus para nós
  • É alimento para o espírito
  • É libertação para cativos
  • Oração é céu na terra

Todos esses fatores estiveram presentes na cura do servo do centurião. Interessante é ainda perceber que o centurião já tinha ouvido falar de Jesus, Cafarnaum era um lugar pequeno e ele tinha conhecimento dos milagres, mas foi preciso viver um momento de angústia para poder conhecer de perto quem era Jesus e o que Jesus poderia fazer por ele.

Isaías 55:6-7: Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. 


Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.
Nós somos de uma geração que ouve falar de Jesus diariamente, que nasceu sobre a Nova Aliança da remissão dos pecados e salvação eterna pelo sacrifício de Jesus na cruz do calvário. Isso é grande privilégio porque é nessa geração que o Espírito Santo de Deus está derramado, operando e resgatando vidas para o Reino de Deus. Esta geração, apesar de viver dias de Sodoma o Gomorra recebe graça sobre graça para viver de modo digno e feliz, porque Deus perdoa, zera a conta de pecados (como fez com o paralítico de Cafarnaum) para uma nova e viva esperança. Deus nos gera de novo pelo poder da Palavra.

Que a sentença de Jesus sobre Cafarnaum condenando a incredulidade esteja distante de nós, mas que a alegria e as bênçãos nos alcancem pelo reconhecimento de que Jesus está em nosso meio, pode e quer fazer morada em nossos corações . Ele não é uma lenda, Ele é tão real hoje como foi para aquele centurião romano naquele dia quando a dor e o desespero bateram a sua porta.


Deus nos abençoe

Outros estudos do blog sobre o centurião de Cafarnaum:

O Centurião de Cafarnaum e
Sete lições do centurião de Cafarnaum

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