“Quero trazer a memória aquilo que me dá esperança" Lm 3:21
Wilma Rejane
Betel é uma cidade cananeia da antiga região da Samaria, situada no centro da terra de Canaã, seu nome significa “morada de Deus”. Abraão estava no Egito, quando a fome e a seca afetam o lugar e ele volta para Betel, retrocede na jornada de aproximadamente 2.400 km com destino a Canaã. Ao ler esse episódio sobre Betel, me perguntei: por que Abraão escolheu voltar no caminho? Por que sai no Neguebe, atravessa em média mais três cidades rumo ao altar em Betel? A resposta que encontrei, me convidou a fazer tal qual Abraão: “ erguer memoriais em Betel”.
E Abraão fez as suas jornadas ao Sul de Betel, até ao lugar onde, ao principio, estivera sua tenda. Até ao lugar do altar que, dantes ali tinha feito; e Abraão invocou ali o nome do Senhor. Gn 13:3,4
Nenhum outro lugar, havia marcado tanto o patriarca. Ele foi atraído de volta a Betel, pelas boas lembranças da intensa presença de Deus. Ele quis fortalecer a fé, se nutrir de forças para prosseguir até o destino final. Boas lembranças, têm esse poder catalizador de animar o ser. Lembro com muita clareza de minha infância e de como aguardava ansiosa a chegada do fim de semana para dormir na casa de minha avó materna, por nome Àguida. Seus braços eram imãs a atrair os netos; carinho, boas histórias, cocadas esfriando na janela, a deliciosa sopa de frango com legumes e as incomparáveis pamonhas! Jamais esqueci.
Boas lembranças, são marcos que nos fazem querer regressar. Ainda que não possamos retornar fisicamente a alguns lugares, nossa mente tem a liberdade de viajar e reviver momentos especiais. Betel marcou Abraão. As boas lembranças provocavam nele, um efeito muito parecido com os braços de minha avó.
Deixe-me contar algo incrível:
O teólogo alemão Jurgen Moltmann (1926) é um grande exemplo do poder fortalecedor das boas lembranças. As experiências de sua infância o acompanharam de forma decisiva por toda a vida, influenciando seu pensamento:
“ Na minha lembrança, me vejo garoto olhando na janela da casa dos meus pais para as florestas que cortam o horizonte distante do Norte da Alemanha. Ali, as planícies são vastas e o céu imenso. O horizonte é o limite que não aprisiona; pelo contrário, ele nos convida a ir além. Aquele menino tinha muita curiosidade de saber o que haveria do outro lado do horizonte”
Quando Moltmann se tornou prisioneiro de guerra, encerrado em um campo inglês, ele afirmou:“ Vi homens nos campos que haviam perdido a esperança. Eles simplesmente se entregavam e morriam”. As boas lembranças sustentaram Moltmann. Ele quis se manter vivo para descobrir o que havia do outro lado do horizonte. Isso é curioso, porque a morte poderia ser a forma mais fácil de se descobrir, mas se assim o fizesse, estaria matando também suas lembranças.
Anos mais tarde, elas se tornariam o motivo maior de sua realização e felicidade. Em resposta as suas indagações sobre “o outro lado do horizonte” descobre no Cristianismo sua razão de viver e de forma fervorosa, transforma a esperança no tema principal de seus livros, traduzidos para vários idiomas. E tudo começou na infância, um Betel construído com um olhar pela janela.
Através da Janela
O que estamos vendo de nossa janela? Que Betel estamos construindo para nossa vida?
Abraão carregava em seu ser o memorial da promessa Divina: “far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma benção; em ti serão benditas todas as famílias da terra” Gn 12:2-3.
Assim como Maltmann, ele precisava viver para ver acontecer. A promessa, era o marco que o fazia partir e regressar, sem chance de desanimar.
O profeta Jeremias, viveu momentos de grande tristeza quando Nebuzaradã, capitão da guarda de Nabucodonozor, destruiu a maior parte de Jerusalém, queimou o templo e levou a todos, exceto as pessoas mais pobres, para o exílio. Ele lamentou sobre a cidade, em determinado momento, porém, lança um olhar sobre a janela na intenção de se fortalecer, refugiar em seus “Beteis”, lugar de boas lembranças, ele afirma: “Quero trazer a memória aquilo que me dá esperança Lm 3:21. Profeta Jeremias estava tal qual o teólogo Maltmann: revivendo boas lembranças em um cenário de guerra.
Betel é Refúgio
Quero te convidar a construir “Beteis”, lugar criador de boas lembranças. Falo de fé e promessas, não de mera ilusão que nos torna distantes da realidade. Falo de Beteis, porque eles significam “morada de Deus” e tudo o que é firmado em Deus se cumpre. Construir “Beteis” tem a ver com comunhão, com obediência e sobretudo fé, certeza de auxilio. Isso foi o que fez Abraão retornar ao lugar. O cenário de fome e seca o entristeceu, em Betel se refugia.
O pastor Martin Luther King, chegou a afirmar: "Segurei muitas coisas em minhas mãos, perdi tudo; mas tudo que coloquei nas mãos de Deus, ainda possuo." Aquilo que confiamos a Deus, Ele recompensa e além do que pensamos. A benção, alcança outras gerações.
O Betel construído por Abraão, serviu de refúgio para seu descendente Jacó. Anos mais tarde, ele também empreendia uma jornada, quando para em Betel e recosta a cabeça sobre uma pedra. Sonha com uma escada ascendente, em direção ao céu, onde anjos subiam e desciam. Betel era mesmo “morada de Deus”. Jacó faz um voto com Deus que iria, de forma decisiva, marcar sua vida. Ali seria o lugar de suas boas lembranças. O marco a animar-lhe na caminhada. Gn 28:10 -22.
“ Quão terrível é esse lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus” Gn 28:17.
Construímos Beteis, quando guardamos na mente e no coração as Palavras de Deus para nós. Elas são boas lembranças que trazem esperança. Elas são refúgio na adversidade. Abraão se recusou a ficar no Egito choramingando a seca. Arrumou a bagagem e partiu para Betel, ali invocou ao Senhor! Não deixemos nos contaminar pelo desanimo. Façamos como Maltamm: vivamos para ver nossa vitória! “O outro lado do horizonte” que se revela pelo mistério inabalável da fé.
Fragmentos do meu novo livro sobre Sara e Abraão.
Fontes: Almeida, J.F Bíblia de Estudo Plenitude, Revista e corrigida, SBB, 1995
Miller l. e Stanley J.- Teologias Contemporâneas, Ed Vida Nova, SP 2011.
8 comentários:
Maravilha de mensagem!
Deus a inspire cada dia, para fluir mais letras de suas mãos.
Saudações primaveris!
Wilma, hoje de manhã li seu texto. Fiquei pensando nele, fui ler o livro de Êxodo.
Precisando de um milagre. Orei. Falei com Deus sobre tudo que Ele fez pra o povo de Israel e disse a Ele que eu cria que Ele é o mesmo. As 20:00 de hoje, eu recebi o milagre que pedi.
Quando você me fez pensar nas coisas que Deus faz, você me testemunhou que o nosso Deus é o mesmo, e sempre será. Eu louvo e glorifico a Deus por sua vida, por ter me ajudado a entender isso. Hoje, o último dia pra o meu milagre. Deus fez o que eu precisava. Que Ele o nosso pai de amor, derrame bençãos sobre a sua vida!!!
Amèm.Vou construir os meus Beteis!!! Mensagem inspiradora!!! DIOS TE BENDIGA!
Olá primavera!
Betel é assim: frutificando e florindo, marcando o ar, o tempo e a vida com aroma de milagre! Porque em Cristo Jesus, tudo é renovo!
Obrigada querida,
Deus a abençoe.
Lane...
Seu testemunho é Betel, para mim e para tantos quantos lerem.
É grandioso o que Deus faz em nossas vidas através de Sua Palavra, das boas lembranças que Ela nos reserva: se Ele fez ontem, pode fazer hoje e amanhã, porque nunca mudou.
Obrigada, amada do Senhor.
Sorrio com você, em louvor ao Deus de poder e a fé que fez seu coração crê.
Abraço fraterno, em Cristo.
Olá Obélio!
Dios te bendiga,
por todos os dias!
Em Cristo.
Que lindo irmã Wilma, maravilha de mensagem mesmo. Gostei e me identifiquei totalmente principalmente com o momento em que estou vivendo. Eu sempre venho aqui e nunca saio vazia, sempre me abasteço de muita coisa boa que descreve os momentos pelos quais estou passando. Obrigado mesmo irmã.
Oi Sarah, graça e paz de Jesus!
Amada, Deus é tão generoso e aos que buscam refúgio em Sua Palavra, sempre são confortados, não é mesmo?
Deus a abençoe,
Com carinho.
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