O Dia das Coisa Pequenas




Wilma Rejane


Essa fotografia retrata o Japão após terremoto. São bombeiros e uma civil recolhendo roupas  em meio aos escombros. Guardei-a em meus arquivos para que ficasse bem nítida em meu coração a mensagem que ela me transmitiu: o valor das pequenas coisas. Temos o triste hábito de esquecer rápido as bênçãos, ou mesmo nem percebê-las e dar proporção gigantesca as derrotas.  Aconteceu com os Israelitas quando peregrinaram no deserto, com os discípulos que auxiliaram Jesus em Seu ministério, acontece comigo e com você. Não costumamos agradecer a Deus pelas nossas unhas dos pés (como?) saudáveis, até que uma delas fique encravada e a dor nos incomode a tal ponto de não conseguirmos desfrutar do simples gesto de calçar um sapato fechado.

A imagem me diz que roupas esquecidas em algum lugar do armário têm valor inestimável quando tudo o mais fora arrastado pela água ou soterrado. Aprendo que devo me alegrar até mesmo pelo que é impercebível, pelo desprezível. Que graça teria a vida, sem o conhecimento da dor da morte? O encontro, sem o sofrer da despedida? Não anseio pelo lado obscuro da vida, mas sem ele, sequer perceberia o surgir da luz, da adorável Luz que adentra na escuridão do túnel nos resgatando da solidão e morte.

Em alegoria pergunto: quantas roupas temos esquecidas em nosso armário? Será preciso uma catástrofe para que percebamos o valor que elas têm? 


No dia em que Jesus realizou o milagre da multiplicação dos pães e peixes, algo surpreendente aconteceu nos bastidores: o discípulo André olha para a multidão de mais de cinco mil homens e diz: “temos aqui cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas o que é isso para tantos?” Jo 6:9 Até hoje, não consegui entender porque André fez essa confissão- que deve até ter arrancado o sorriso sarcástico de alguns - se não acreditava que Jesus pudesse pegar “as roupas esquecidas no armário” e resolver o problema da fome naquele lugar.

Seu colega Felipe já havia demonstrado ser mais pessimista (e incrédulo), em relação à fome da multidão: “duzentos dinheiro de pães não lhes bastarão, para que cada um deles coma um pouco” Jo 6:7. Felipe definitivamente não percebeu “as roupas esquecidas no armário”, as pequenas coisas ao seu redor. Para resolver um problemão, só mesmo somas astronômicas! Daí vem Jesus, pega o desprezível e transforma em necessário e o milagre acontece. Aprendo mais uma vez que não devo desprezar o pouco, o pequeno, o insignificante. Ele pode me ser necessário.

Alguns de meus alunos têm o triste hábito de resmungar: “Ah professora, só vale um ponto? Não dá pra aumentar”? Sempre respondo: Some um, mais um, mais um,.. é assim que conseguiremos chegar a dez.

E ainda sobre o milagre dos pães, quando todos já estavam saciados, Jesus fala: “Recolham os pedaços que sobejaram para que nada se perca” Jo 6:12. Vejo a mulher da imagem que ilustra esse artigo, recolhendo as migalhas do que restou, do que lhe faltou.

Em todo o cenário da foto que guardei, o bem mais precioso, é claro, não são as roupas que a senhora carrega, mas as vidas que estão de pé, em meio a tanta coisa que virou pó. Aprendo que viver é motivo de muita felicidade, mesmo em meio as mais duras adversidades. “Porque quem despreza o dia das coisas pequenas?” Zc 4:1. Que possamos nos alegrar todos os dias, com a beleza que brota das  "pequeninas"  e necessárias coisas que Deus nos concedeu.

Em Cristo.

11 comentários:

Michel Alexander disse...

Caramba! Como as vezes passamos desapercebidos das pequenas coisas que Deus nos proporciona. O que aconteceria se Davi não tivesse dado caso as "pedrinhas" de seixo do ribeiro que, pela força do Senhor derrubou o gigante. O que aconteceria se Jesus não tivesse usado apenas um pouco de saliva e terra para curar um cego. O aconteceria conosco se três pregos, duas madeiras e um homem na mais perfeita harmonia não tivessem se juntado.
É, de fato precisamos abrir nossos olhos para percebermos que de fato não nos tem faltado o grandioso e maravilhoso cuidado de Deus.

Belíssima mensagem reflexiva Wilma, sou um seguidor assíduo de seu blog.

Abraços

Blog Desafiando Limites disse...

mto boa a reflexão, Wilma.

e as aplicações ao nosso viver cotidiano, então, ótimas.

parabéns, e que continue a inspirar vidas a continuarem de pé, mesmo em meio às tragédias da vida.

gde abço,

wally (qdo crescer quero escrever igual a vc... rs)

Wilma Rejane disse...

Oi Michel!

E a fé como grão de mostarda? O que é um grão de mostarda? Mas Jesus disse: “Se tivésseis fé como um grão de mostarda diríeis a esta amoreira: desarraiga-te daqui, e planta-te no mar; e ela lhe obedeceria." Lc 17:6

Obrigada Michel, complementaste o artigo.

Deus o abençoe.

Wilma Rejane disse...

Oi Wally!

Obrigada por sua abençoadora companhia.

Deus o abençoe.

Anônimo disse...

OLÁ.. MARAVILHOSO SEU BLOG.. GOTEI MUITO DA POSTAGEM, AS VEZES PRECISAMOS OLHAR MAIS DE UMA VEZ PRA ESSAS FOTOS PARA LEMBRARMOS DO PRÓXIMO E DE SUAS NECESSIDADES, E ASSIM NOS TORNAMOS MAIS GRATOS PELO OQUE TEMOS, PELO OQUE SOMOS, E RECONHECEMOS O QUANTO AINDA FALTA EM NÓS MAIS AMOR AO PRÓXIMO...KÁ

Wilma Rejane disse...

Olá Ká!

E quantas vezes deixamos de ajudar por não perceber, por voltar os olhos a coisas que julgamos mais importantes, não é?

Obrigada irmã, Deus a abençoe. Volta sempre, tá?

Vou lá no seu blog.

ANDREZA disse...

PAZ,QUERIDA WILMA
OLHANDO PARA MIM CONTEMPLO O MARAVILHOSO AGIR DE DEUS,QUE POR SUA GRANDEZA A CADA DIA NOS FAZ MAIS QUE VENCEDORES,E COMO É BOM DAR MOS VALORES PARA AS PEQUENAS COISAS POIS NISSO COMTEMPLAMOS O AGIR DE DEUS.ABENÇOADO POST

ANDREZA
aH!EO LIVRO TEM FEITO MISSÕES!!!
OH!GLÓRIA

Wilma Rejane disse...

Oi Andreza!

Sei que Deus tem preparado corações para receber as mensagens de Às Margens do Quebar, muito bom ouvir isso.

Deus a abençoe.

Cíntia Kaneshigue disse...

A paz Wilma, seu texto me tocou muito! No domingo que passou, tive a oportunidadede compartilhar uma palavra na igreja, e tambem mexi em pequenas coisas, mas esta n eram muito agradáveis, como a nossa mania de julgar a despeito da Palavra nos advertir em nao fazê-lo e o nao perdoar, que a Palavra tambem diz que nao seremos perdoado se continuarmos com essa postura!
Convivo todos os dias com alguma imagem da area devastada pelo terremoto e tsunami, e tenho agradecido a Deus por isso, pois me inspira a agradece-lo todas as manhas pelo fôlego de vida!
Bjos Cintia

Wilma Rejane disse...

Paz do Senhor Cintia!

As "raposinhas" da vinha são um perigo e aos poucos minam nosso relacionamento com o próximo e com Deus.

Catástofres são lições, todos deveríamos aprender com elas.

Deus a abençoe e a seu País irmã.

Abraço>

Sarah Iwabuchi disse...

Muito tocante este texto irmã Wilma, mostra que todos os dias somos presenteados com tanta coisa boa de Deus e tanta liberdade, e muitas vezes os meus olhos tão apressados e ansiosos no dia a dia,me impedem de enxergar que se nos juntassemos as boas coisas "pequenas" que nos sucedem diariamente teríamos uma montanha gigante de bençãos, ou uma benção gigantesca. Na época do terremoto eu morava bem próximo ao epicentro onde ocorreu,foi difícil, 200 pequenos tremores diários as vezes causava-me receio até mesmo de ir ao banheiro dentro de casa, porque todos deveríam estar sempre prontos para correr para fora de casa caso o tremor fosse mais forte. Ai eu pensei, gente, uma coisa tão simples tão corriqueira se tornou tão difícil. Agora quero sempre me lembrar de agradecer por todas bençãos que o Senhor me concede diariamente.Deus a abençoe :)
Irmã Cintia Kaneshigue, força! Que o Senhor possa continuar renovando seu folego diariamnte. Deua a abençoe também.