Dons do Espírito - Pergunta do Leitor



Wilma Rejane

Tenho recebido alguns emails e comentários pedindo para que fale sobre o dom de línguas.  Destaco o comentário do Rodrigo Novaes:

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Primeiramente gostaria de frizar que nenhuma experiência pessoal deve ser seguida como doutrina. Cada pessoa tem um relacionamento particular com Deus e o que acontece em minha vida espiritual, não é regra para a de outren. A Base de toda cristandade é a Bíblia. Ela é a referência, e dentro dessa Verdade, Deus opera de maneira diversa, em “multiforme graça”: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” I Pedro 4:10.


Em seu comentário, o pastor Novaes diz que” orou por alguém que falava em línguas e o demônio manifestou”. Algumas religiões proíbem a busca desse dom, por acreditarem que seja uma manifestação do diabo, um engano. O que está recomendado nas Epístolas é: “ E agora, irmãos se eu for ter convosco falando em línguas, que vos aproveitaria, se não vos falasse por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina?”. I Cor 14:6.

O dom não é dado para exibição, nem êxtase. Se alguém usa desses termos, algo está errado. Outro ponto : é possível se falar em línguas e estar em pecado, porque o dom não implica santidade: “Muitos me dirão naquele dia, Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” Mt 7:22,23.

O dom de línguas não se aprende- apesar de hoje ser comum alguns tentarem ensina-lo- não é mera repetição de palavras sem sentido, tão pouco deve ser objeto de manipulação na congregação: o que fala em língua recebe lugar de status e obrigação de profetizar: "Fala em língua ai, meu irmão! Profetiza!". Exercer o dom de línguas exige disciplina e discernimento dos que ouvem. O  espírito do profeta, está sujeito ao profeta I Cor 14:32, alguém que fala em línguas, demonstrando transe, gestos estranhos e histéria, provavelmente estará sob possessão ou distúrbio emocional. Por estes motivos é tão importante a ordem no culto e o dom de discernimento:

"E se alguém falar em língua desconhecida faça-se por dois, quando muito três, e por sua vez e haja intérprete. Mas, se não houver intérprete esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo e com Deus" I Cor 14:27,28

A manifestação do dom de línguas não elimina:

- a consciência e a inteligência humana, ao contrário da possessão maligna;
- o bom-senso de usar o dom de forma adequada;
- a necessidade de crescimento espiritual e maturidade no uso dos dons;
- a possibilidade de pecar, se não vigiar;
- a necessidade de humilhar-nos, pois o dom não nos torna super-crentes, superiores.

A Escritura recomenda: “ E eu quero que todos vós faleis em línguas, mas muito mais que profetizeis; porque o que profetiza é maior do que o que fala em línguas a não ser que este também intérprete para que a igreja receba edificação” I Cor 14:5.

“Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos. Todavia quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em línguas desconhecida” I Cor 14:19.

O dom de línguas não está extinto, como muitos dizem. Nem falar em línguas equivale a estar possuído. É algo divino e que tem utilidade, porém necessita de disciplina, como qualquer outro dom.

a) Neste aspecto, o dom é limitado na sua distribuição (1 Co 12.11,30).
b) Deve ser empregado um por vez.
c) Deve ser interpretado.
d) Se não houver interpretação, não deve ser pronunciada em alta voz no culto público.

Recebi esse dom assim que comecei a caminhar com Jesus e tinha muitas dúvidas sobre ele, justamente por todas as controvérsias doutrinais que o envolviam. Deus, contudo me fez compreendê-lo. Freqüento uma igreja tradicional há mais de seis anos, e não falo em línguas no culto, uso o dom para adorar o Senhor com cânticos e na intimidade Ele me fala e faz-me entender tudo que falo em outro idioma. Sei que através do dom de línguas recebi revelações da Palavra, fortalecimento espiritual e algumas profecias: “O que fala em línguas desconhecidas edifica-se a si mesmo” I Cor 14:5


Muitos cristãos, cheios do Espírito Santo, não falam em línguas. Outros, em pecado exercem esse dom. Há ainda, os que como Paulo exercem o dom em santidade e com muita utilidade. Uma questão muito debatida hoje é: " Não falar em línguas é o mesmo que não ter o Espírito Santo?".

Atos 19:1 nos esclarece: "Recebeste já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos falar que haja Espírito Santo". A conversão é obra do Espírito e todo aquele que experimenta o novo nascimento se faz templo do Espírito. Jo 1:13- 3:5.

 Em Pentecostes:

“E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” At 2:4.

As línguas faladas no dia de Pentecostes, foram idiomas, compreensíveis aos ouvintes: “ porque cada um os ouvia falar na sua própria língua” At 2:6. O dom foi derramado, dado gratuitamente por Deus a todos os que pela fé o buscam.

Concluo dizendo que nenhum outro dom é maior que o dom de amar. Este é maior que a fé, a esperança e ministérios. Este talvez não conceda  status aos olhos humanos, mas é o que alegra a Deus, é o que salva o pecador. Se não pelo meu amor, mas pelo de Cristo Jesus em mim, constrangendo-me a dividir aquilo que de tão grande, transborda. Esse incomparável amor que nos faz pequenos servos, reconhecendo que em tudo somos dependentes e que pela graça, a vida nos basta, a morte nos guarda, como renascimento.

Que em Cristo Jesus, possamos buscar esse amor pelos perdidos, essa comunhão com os famintos. Que possamos, “falar a linguagem de Deus para as nações”, imperfeitos como somos, crendo e sabendo que Sua Palavra jamais volta vazia Is 55:11 Esse é o chamado, o nosso chamado.

Sei que esse assunto é extenso e traz à tona vários outros como: "Crente pode ser possesso? Língua estranha é idioma humano ou dos anjos?" Mas estes casos ficam para uma outra oportunidade. Espero que esse breve estudo sobre a pergunta do leitor, tenha sido útil.

Em Cristo.

Consultei também: Doutrinas Bíblicas

2 comentários:

Maurício de Souza Lino disse...

Irmã Wilma, Paz de Cristo!
Sou grato a Deus pelos dons recebidos e nunca os desprezo. Muitas e muitas vezes estou em meu quarto, de portas fechadas e me vejo orando em línguas. Sei que traz pessoalmente, crescimento espiritual. Na igreja, procuro orar em voz baixa, quando não há interpretação. Deus conhece nosso interior e sabe o que nosso espírito está orando.
Parabéns pelo post, enriquece-nos muitíssimo. Saudações fraternas!

Wilma Rejane disse...

Paz de Cristo Fratermauricio!

Que Deus o abençoe e que os dons a ti concedidos sejam motivos de alegria e salvação para os que convivem contigo.

Obrigada por compartilhar de sua vida no Evangelho.

Saudações, em Cristo, que nos capacita.