Israel é...onde nasci. Onde comi o meu primeiro rebuçado e aprendi a ir sozinha à casa de banho. Onde alguns dos meus amigos adolescentes passam as noites em abrigos, dormindo de capacete. Onde guardas e seguranças são as únicas profissões em excedente. Onde os desertos florescem e as histórias dos pioneiros são romantizadas.
Onde um cato doce e cheio de espinhos simboliza o ideal israelita. Onde a imigração para Israel é chamada “ascender” e emigrar de Israel se chama “descender”.
Onde os meus avós não nasceram, mas onde eles foram salvos.Onde o ano passa com a estação das azeitonas, das amêndoas, das tâmaras. Onde um transgressivo prato de porco ou camarão espreita provocadoramente de uma ementa de Jerusalém.
Onde os meus avós não nasceram, mas onde eles foram salvos.Onde o ano passa com a estação das azeitonas, das amêndoas, das tâmaras. Onde um transgressivo prato de porco ou camarão espreita provocadoramente de uma ementa de Jerusalém.
Onde, apesar de excepções substanciais, reina a laicidade. Onde o vinho é religiosamente doce. Onde há uma fonte inesgotável de humor negro. Onde o riso é a moeda corrente e as anedotas a religião. Onde os partidos políticos se multiplicam mais depressa do que as pessoas. Onde tornar-se religioso é descrito como “retornar à resposta” e tornar-se laico “retornar à questão”. Onde, em sessenta anos, oito cidadãos ganharam Prémios Nobel.
Onde há neve duas horas a norte e hamsin (vento do deserto) duas horas a sul. Onde nunca foi permitido a Moisés entrar, mas cujas ruas sujamos. Onde a linguagem na qual Abraão falou a Isaac foi ressuscitada para incluir palavras e expressões como “camisola”, “guerra química” e “conferência de Imprensa”. Onde o muezzin canta, os sinos das igrejas tocam e onde os shofars clamam livremente na direcção do Muro. Onde os comerciantes regateiam. Onde os políticos regateiam. Onde um dia haverá paz, mas nunca sossego.
Por Natalie Portman (atriz)
Fonte:ruadajudiaria
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