Elevo os meus olhos para os morros do Rio e só vejo destruição. O desespero dos que ficam ao chorar os que se foram, soterrados, desaparecidos, desabrigados. Vejo a fragilidade da vida, do homem pó que agoniza enlameado pelo pó que por muito tempo lhe permitiu a vida, que parecia segura, afinal era uma morada, coberta que abrigava necessitados por dignidade, de ter um lar.
Em meio a tragédia, lembro-me da parábola de Jesus que convoca os homens a construirem sobre a Rocha na garantia de não serem levados pelas águas da chuva, dos rios, pelo vento. Mas a Rocha é Jesus, Única que não se abala, que acolhe em braços seguros os desalentados. Meus olhos nos morros do Rio, refletem incerteza. Os morros de areia, não são lugares seguros para construção, mas quem, quem se importou com aqueles pedaços de chão?
Tragédias, não acontecem só em morros, mas em terra firme. Não tem dia, nem hora para chegar. Somos impotentes diante do tempo, dos designos da natureza, de Deus, também dos homens. Bons e maus, padecem em tragédias. Um dia telespectadores, em outros, atores , protagonistas, que sem opção de dizer não ao enredo, se encerram nas cortinas da vida e da morte.
Meus olhos, se elevam para os morros e como não vejo vida, elevo-os ao céu na certeza de que sempre haverá um novo dia, recomeços. Uma senhora que perdera tudo no desmoronamento, deu um depoimento surpreendente:"Levei dez anos para construir e ajuntar tudo que tenho, mas graças a Deus estou com vida para batalhar por mais dez anos". Comportamentos como este, são raros, em tempos de dor. São resultado de quem firma os olhos em Deus, Ele é quem consola os desconsolados. E Ele há de consolar os enlutados.
Wilma Rejane.
Imagem: Moradores do Morro dos Prazeres
"A Ti levanto os meus olhos , ó Tu que habitas no céu" Sl 123:1
Wilma Rejane.
Imagem: Moradores do Morro dos Prazeres
Nenhum comentário:
Postar um comentário