O Incrível Caso das Crianças Africanas- II





Mary Sunday, sua triste história, virou filme.

Milhares de crianças acusadas de feitiçaria por pastores carismáticos na Nigéria, são mortas ou torturadas em horríveis cerimônias de excomunhão, muitas vezes por seus próprios pais.Mary Sunday, de 9 anos, durante uma cerimônia religiosa em uma igreja pentecostal foi identificada como feiticeira por uma pregadora. Seus pais a acusam de ter matado sua irmã mais nova, por isso jogaram soda cáustica quente sobre sua cabeça e corpo, depois a abandonaram na floresta.

Crianças como Mary são resgatadas e levadas para um local seguro, administrado por uma instituição de caridade local, a Child Rights Rehabilitation Network (Crarn), presidida por Sam Itauma. A instituição de caridade recebeu ameaças, o orfanato foi atacado e ele não pode mais aparecer em público. “Eles agora querem reprimir nossas atividades para que não façamos campanha contra suas ações e vão continuar com suas atividades nefastas em nome de Deus. Tenho que ser muito cuidadoso porque minha vida está sob ameaça.”


"Nós não somos feiticeiras" dizem os cartazes

Sam Itauma não pretende abandonar a luta. Na semana passada, ele conta, um menino de 9 anos, Nwanakwo, morreu no hospital depois de ter sido “banhado em ácido” por seu pai.Ele quer ter certeza que a nova legislação que proíbe a estigmatização de crianças como feiticeiras seja reforçada e que pastores que foram presos e depois liberados sob fiança, e pais que abusam seus filhos, sejam processados.

Um relatório recente da ONU explica que o abuso de crianças ‘feiticeiras’ é comum em países onde a estrutura social tradicional entrou em colapso, onde mortes súbitas são comuns e onde há pouca perspectiva de uma vida melhor.Cada vez mais, mulheres idosas e crianças são acusadas pelas doenças e mortes em suas famílias na África, mas também na Índia e no Nepal.

O filme ‘Saving Africa’s Witch Children’ (Salvando as crianças feiticeiras da África):


Crianças resgatadas e abrigadas pela instituição de caridade (crarn) presidida por Sam Itauma

Um documentário premiado, com direção do holandês, Joost Van der Valk e do britânico Mags Gavan, enfoca a situação de crianças acusadas de serem feiticeiras na Nigéria. O filme, trouxe mudanças positivas, mas também muita tensão na comunidade.

Itauma diz que, em consequência do filme - que não foi exibido na Nigéria -, autoridades locais introduziram educação secundária gratuita em seu estado, localizado no delta do Níger, uma região rica em petróleo; o governador assinou a Lei de Direitos da Criança e o orfanato está prosperando.”Agora não é mais permitido chamar uma criança de feiticeira e muitos pastores foram presos em consequência do filme. Também foram feitas muitas doações para uma ONG local, que foram usadas para melhorar as acomodações das crianças no orfanato que as abriga.”


Gerry tem 8 anos. Seu pai, após perder o emprego, o acusou de bruxaria. Derramou gasolina em seu corpo, depois, tocou fogo.

A atenção gerada pelo documentário, no entanto, não agradou a todos na comunidade, diz Sam Itauma. ”Muitas pessoas acham que nós não apresentamos a Nigéria de uma boa maneira e contribuímos para uma imagem negativa do país, mas não podemos esconder a situação, temos que abordá-la.”Os produtores do filme planejam uma sequência e esperam poder mostrar esforços positivos para proteger os direitos das crianças nigerianas no estado de Akwa Ibom.



Udo, de 12 anos (com o braço ferido). Foi atacado por religiosos.

Escrevi o primeiro artigo sobre a situação das crianças "feiticeiras", em outubro de 2008. Um ano se passou, com o lançamento do filme (pela channel4, link no final), o fato, tornou a repercutir. Minha opinião, continua a mesma: Estas crianças, são vitímas. A igreja, que as perseguem não tem conhecimento da Palavra de Deus. Jesus, afirma: "Porque O Filho do homem veio salvar o que se tinha perdido" Mt 18:11. O amor, é o único remédio, capaz de curar as feridas criadas na alma desses pequeninos.

Por: Wilma Rejane
Fonte: rnw
channel 4

Fotografias: Robin Rammond

2 comentários:

Mariângela disse...

Olá querida Wilma, como é triste saber que pessoas se escondem por traz de religiões para cometerem tantas atrocidades. Sabemos que o diabo tem trabalhado desta forma através dos anos em toda a história da humanidade. Graças a Deus por vidas que estão dispostas a dar até mesmo suas vidas por estes pequeninos. Parabéns amada por despertar as pessoas e levar-nos a orar por estes pequeninos que precisam conhecer o amor de Deus!
Beijos.
Mariângela

Wilma Rejane disse...

Olá Mariângela!

Que bom recebê-la por aqui!

É verdade, irmã, são atrocidades. Estas crianças, vivem um clima de terror: Feridas, por dentro e por fora.

É triste saber que a Igreja- pelo menos os pastores envolvidos- não sabem lidar com este grave problema.

Assisti um vídeo em que freiras, estão a recolher, muitas dessas crianças abandonadas em uma instituição. Elas dão abrigo e carinho. Um trabalho que tem progredido em resultados positivos.

Sei que a feitiçaria gera trevas. Essas crianças, oriundas de famílias que praticam toda sorte de ocultismo, devem sim, ter males na alma. Não acredito, porém, que sejam feiticeiras.

Que Deus, sare o coração dos Africanos e proteja suas crianças.

Grande abraço, irmã. Deus a abençoe.