A Singular Israel





"Assim diz o Senhor:Israel é meu filho, meu promogênito" Êx:4:22

Israel é...onde nasci. Onde comi o meu primeiro rebuçado e aprendi a ir sozinha à casa de banho. Onde alguns dos meus amigos adolescentes passam as noites em abrigos, dormindo de capacete. Onde guardas e seguranças são as únicas profissões em excedente. Onde os desertos florescem e as histórias dos pioneiros são romantizadas.

Onde um cato doce e cheio de espinhos simboliza o ideal israelita. Onde a imigração para Israel é chamada “ascender” e emigrar de Israel se chama “descender”. Onde os meus avós não nasceram, mas onde eles foram salvos.Onde o ano passa com a estação das azeitonas, das amêndoas, das tâmaras. Onde um transgressivo prato de porco ou camarão espreita provocadoramente de uma ementa de Jerusalém.

Onde, apesar de excepções substanciais, reina a laicidade. Onde o vinho é religiosamente doce. Onde há uma fonte inesgotável de humor negro. Onde o riso é a moeda corrente e as anedotas a religião. Onde os partidos políticos se multiplicam mais depressa do que as pessoas. Onde tornar-se religioso é descrito como “retornar à resposta” e tornar-se laico “retornar à questão”. Onde, em sessenta anos, oito cidadãos ganharam Prémios Nobel.

Onde há neve duas horas a norte e hamsin (vento do deserto) duas horas a sul. Onde nunca foi permitido a Moisés entrar, mas cujas ruas sujamos. Onde a linguagem na qual Abraão falou a Isaac foi ressuscitada para incluir palavras e expressões como “camisola”, “guerra química” e “conferência de Imprensa”. Onde o muezzin canta, os sinos das igrejas tocam e onde os shofars clamam livremente na direcção do Muro. Onde os comerciantes regateiam. Onde os políticos regateiam. Onde um dia haverá paz, mas nunca sossego.


Por Natalie Portman (atriz)
Fonte:ruadajudiaria

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